Mensagem do caboclo Sete Flechas em sessão de Boiadeiros do dia 10 de agosto de 2024.


Graças a Deus, que a paz de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde.

Que vossa busca de orientação através de nosso templo possa ser saciada, mas o será na medida em que filhos se permitirem assimilar os ensinamentos, porque muitas vezes vamos a uma fonte, provamos da água, mas de alguma maneira não nos apetece apesar de matar a sede, tal qual cântaros que guardam em si o sabor de seu conteúdo e o passam para água que oferecem. Então muitas vezes a água adoça nosso paladar, muitas vezes é doce e toda a nossa atração vai pelo o que nos agrada, ou ainda não estamos preparados para entender o sabor que tem aquelas águas.

É o tempo que nos capacita a entender, através do amadurecimento, que remédios amargos servem para determinados males. Não só os sabores adocicados vão se fazer presentes nas medicinas. Para crianças vosso comércio costuma colocar sabores de forma em que o paladar, sendo agradável, a criança não rejeite o remédio que lhe é ministrado, mas na medida em que o ser humano vai sendo dotado de crescimento e de entendimento, todos estes apelos de cores e de sabores começam a ficar mais ao âmbito infantil e o ser humano adulto precisa entender que sim, muitas vezes uma injeção terá o efeito que se deseja ou muitas vezes um remédio de sabor não tão agradável terá o uso e a aplicação necessária para a sua enfermidade. 

E assim também é o homem  na busca do conhecimento. De maneira lúdica, a espiritualidade, a própria vida vai criando o ser humano de forma que as cores que os jogos introjetem noções de responsabilidade e de cuidado, mas na medida em que o ser humano amadurece a vida vai se provando um pouco mais severa. Nem sempre tão doce, nem sempre tão colorida, mas mesmo assim necessária para o crescimento, porque ervas amargas também curam. Ervas amargas são muito úteis na cura dos males do estômago. O ser humano entende isso e apesar do amargor faz uso daquela erva porque sabe que é o remédio que precisa para a sua enfermidade. 

Então as vezes a leitura, a disciplina ou a palestra ou as orientações, ou a espiritualidade nem sempre caem bem. Tornamo-nos refratários ao ensinamento porque ele não nos apetece, não amadurecemos de modo a perceber que aquilo é necessário para o nosso crescimento. E o crescimento é um caminho que se caminha sozinho. O crescimento é um caminho onde observamos o outro, mas é um caminho solitário, é um caminho único, percorrido somente por aquela pessoa que amadurece.

Temos sinais que direcionam o caminho, temos ícones que já passaram por caminhos semelhantes que nos dizem que é possível este caminho, mas os pés que trilham aquela estrada obedecem os pés do seu possuidor. Então a espiritualidade insufla, mas é o ser humano em sua evolução que conseguirá trilhar os caminhos que precisa passar em amadurecimento. E o tempo, esse se alarga, mas não espera, o tempo nos consome. E precisamos ser dóceis ao tempo como também ao aprendizado e entender que essa solidão é necessária, porque é justamente ela que dá oportunidade de demonstrar a fortaleza de nosso caráter e de nossa vontade. Ter a coragem de deixar de lado costumes e coisas que nos serviam como uma roupa, como uma indumentária que nos identificavam, uma companhia, um companheiro, algo que fazíamos, mas que a vida e todos os seus remédios, amargos ou não, foram nos fazendo crescer e aquela roupa não nos cabe mais.

Por mais que tentemos retornar em um momento dentro da memória ou mesmo retornar a hábitos antigos; não nos satisfazem mais. Não cabemos mais naqueles momentos, não cabemos mais naquelas vidas, porque nossa vida foi pra diante, caminhou, modificou-se. Uma borboleta jamais se adaptará ao casulo que a formou, ela precisa alçar voo. Guardando a sua experiência, guardando tudo aquilo que viveu com agradecimento, mas entendendo que o momento é de novos horizontes observados e buscados e novas estradas, novas poeiras a sedimentarem-se em nossas sandálias.

E o crescimento é justamente isso sem perdermos a essência, o agradecimento, a memória afetiva, emocional, que nos liga a um passado de onde viemos, mas que não nos pertence mais. E o crescimento faz parte de reconhecer esse não pertencimento, agradecer por um dia ter pertencido, mas seguir a diante louvando tudo que vivemos e aprendemos, percebendo que o caminho é único. O crescimento não tem, como as máquinas que vos transportam, a ré. Uma vez aprendida coisas novas, as antigas fazem parte do alicerce, mas uma vez que não sirvam mais tão somente servem como bússolas de orientações.

E esse caminho se caminha só. Este caminho é o caminho das medalhas que são únicas, próprias. Demore o tempo que for, todos amadurecerão e crescerão seja pela dor, seja pelo amor, seja pela observação, seja pela vontade, mas a única coisa que temos a perceber é que o tempo não para e não espera por ninguém. Cabe a nós sermos dóceis a ele, porque assim está programado para toda criatura criada por Deus. A humanidade em sua trajetória evolutiva, outros seres em outros planos também em sua trajetória evolutiva, mas todos em um caminho único de amadurecimento constante e aqueles que se atrasam por desconhecimento ou por vontade própria, o cansaço e o próprio progresso vos empurrarão. Então que sejamos dóceis ao tempo nos adequando a ele.

E deixarmos pra traz as roupas antigas que não nos pertencem, onde não cabemos. Usemos as novas, mais adaptadas ao nosso momento e as nossas necessidades.

Graças a Deus.