Mensagem do caboclo Sete Flechas em sessão de caboclos do dia 29 de junho de 2024.


Graças a Deus.

Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde em que se reúnem em nome de Jesus, para mais um exercício de vossa mediunidade e de vosso contato com o mundo espiritual através da vossa sensibilidade.

Exercício para que possam aproximar-se de vossas energias mais sutis, exercitá-las, se permitir o envolvimento com esta, posto que a materialidade já vos envolve desde o momento de vossa ligação dentro da barriga de vossas mães; a matéria já começa a se apoderar e o espírito começa a revestir-se da matéria mais densa e tudo isso traz o seu aparato de pesos e esquecimentos, mas segue o espírito sendo único; sendo aquele viajante da eternidade que vai mudando de roupagem para que cada roupagem possa trazer a ele ensinamentos. E vem a mediunidade dando a oportunidade para que filhos percebam o algo mais, o além da simples percepção física, material e limitada.

Possa a mediunidade abrir as portas da sensibilidade, mas também com ela abrir as portas da sensibilidade para as belezas do espírito. Para aquilo que há além da matéria, que vos alça e que vos faça melhores, porque se filhos ao se desvencilharem do corpo ou ao sintonizarem-se com algo além da matéria, seguirem vibrando nas camadas mais densas, vosso tempo estará sendo mal utilizado. Possam então fazer bom uso dessa sensibilidade não só quando estão com vossas roupas brancas e com vossos momentos e rituais, mas que possam, tal qual os escafandristas, utilizarem a própria matéria densa do corpo para serem úteis onde quer que estejam para que possa a vossa ligação com a nave acima de vós, no grande oceano da matéria, seguirem ligados com aquilo que é mais leve, com aquilo que é mais belo, vos dando a necessidade de fazerem bem vosso trabalho, para que possam gradativamente serem alçados em melhores ambientes de paz e luz. 

Que todo trabalho seja realizado com amor no coração, mas sabendo que quanto mais endividado é o espírito, mais laboriosas também serão as suas tarefas frente ao sofrimento, frente aqueles que necessitam. Então toda essa responsabilidade que se assume tão somente vos dá o recado de quantas dividas ainda possuem, para que não façam da mediunidade uma bandeira de seres escolhidos, mas que façam da mediunidade uma recordação dos compromissos que têm principalmente consigo, com as vossas mentes, com o vosso próprio passado para que usem a mediunidade de maneira saudável e libertadora. Não encarar as fazes da vida ou a própria mediunidade como um fardo, como um carma a ser cumprido como se fosse algo do qual precisamos nos libertar.

A cruz onde o Jesus padeceu e foi supliciado, antes de Jesus, significava o martírio mais repugnante, o mais aviltante, porque somente ladrões, somente párias da sociedade, somente aqueles que não mereciam mais viver juntos à sociedade encontravam como suplício o madeiro, a cruz, a morte que avilta e que humilha. E Jesus passou por esta humilhação e transformou o símbolo da cruz, que era um símbolo de vergonha e repugnância, para um símbolo de libertação. E hoje cada um utiliza: “Carrego a minha cruz”; carregam o crucifixo em vossos altares tendo esse como símbolo do próprio Cristo. Cristo transformou o símbolo da cruz, de martírio repugnante para sinal de libertação. A figura de Jesus redimiu o símbolo que a cruz até então tinha, tamanha a força de sua presença, de sua vivência, de sua verdade, de sua missão.

Que possa o ser humano também encarar a mediunidade não como uma coisa pesada: “Não quero esta responsabilidade”ou ostenta-la com vaidade. Que possa começar a olhar a própria mediunidade como um momento de redenção, de iluminação, de contatos com seres que vos encaminham para vidas melhores. Que possamos mudar, saber ressignificar e mudar o significado das coisas e das pessoas e olhar cada pessoa de nossa convivência como degrau de melhora e todas oportunidades, sempre buscando o que há de melhor dentro de nós e dentro de cada um e fazer também da religiosidade e dos símbolos religiosos oportunidades de crescermos e nos livrarmos do peso da culpa e das amarras do sofrimento. É responsabilidade nossa para que possamos tornar a vivencia religiosa mais leve e também fazer dela algo de prazeroso no sentido de que nos liberte e de que nos faça seres humanos melhores. Essa é a nossa diretriz, essa é a nossa meta, buscarmos sempre libertação do que fomos ontem para que o hoje seja melhor.

Que possamos tal qual São Pedro, que não se sentiu merecedor de ser supliciado da mesma forma que seu mestre, optou pelo seu suplicio invertido, então que possamos nós também buscarmos em cada um nós esta capacidade de darmos à nossa existência estes significados que possam diluir o nosso passado e vermos que ele serve de diretriz, mas existe algo sempre melhor a nos libertar.

Libertemo-nos! Que este pensamento possa nos permitir voar mais alto e que a luz da espiritualidade seja um chamamento e jamais um peso para que os trabalhos se modifiquem à medida em que nos auxiliamos a nós mesmos buscando a libertação através da ligação saudável com a mediunidade e coma espiritualidade.

Não precisamos sofrer para aprender. Isto também faz parte de um processo, que tenhamos a capacidade de aprender com alegria, sermos merecedores de paz para que assim possamos nos libertar da aura do sofrimento e do pensamento de injustiça, porque muitas vezes nós buscamos o nosso sofrimento, mas o trabalho precisa nos libertar cada vez mais para seguirmos a diante com paz.

Graças a Deus.