Mensagem do Caboclo Sete Flechas em sessão de Pretos Velhos do dia 27 de agosto de 2022. Homenagem a Oxumarê.


Graças a Deus.

Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês nessa tarde em que se reúnem em nome de Jesus para mais uma prática religiosa, na busca do convívio saudável com a espiritualidade através da mediunidade. Através dessa sintonia que filhos fazem através do ritual de vossa religiosidade.

É importante esta busca da educação do ser humano, porque o ritual educa o ser humano a cada vez que ele entende que cada coisa tem o seu momento e a sua hora em um crescendo de energia para que possam alcançar o máximo de sua comunhão com essa espiritualidade; para que possa canalizar e beneficiar-se e retornar à sua vida diária. Porque filhos não vêm ao mundo para ficarem o tempo inteiro reclusos em seus templos, como também não vêm ao mundo para ficarem reclusos em vossos trabalhos ou em vossas famílias ou reclusos onde quer que seja. É importante que o ser humano comungue com a vida como um todo em sua harmonia de tempo para que possa desfrutar da encarnação e com ela crescer absorvendo tudo aquilo que é necessário para o seu crescimento.

Já vos orientamos sobre o “vinde a mim todos vós que sofreis e eu vos aliviarei[1]”, na postura de Jesus que disse vinde a mim, não disse irei até vocês, porque é necessário que o ser humano se esforce para chegar até Jesus, para caminhar com ele na medida em que for se adequando à sua filosofia de dignidade, disciplina, de amor e de perdão. É necessário chegar até Jesus; despojar-se de muitas coisas, deixar algo pra trás para que possamos renascer nele e com ele caminharmos.  E esse ir até Jesus, essa aceitação de Jesus é um exercício constante da criatura e não basta o aceita-lo e estar com ele sem renovar-se diariamente e sem estar consciente de que criatura nenhuma passa no mundo, com ou sem Jesus, sem passar pelas provações que precisa, sem passar pelas tentações com as quais tem afinidade, porque o exercício do caráter humano passa por todas essas sendas que a encarnação trás.

Tal qual um lago tranquilo, sereno e límpido, tal qual um rio límpido que carrega em seu seio a vida, tal qual o oceano que abriga dentro de si todo um mundo, todas essas forças da natureza tem em seu fundo o lodo que se tocado, se movimentado polui toda água límpida onde está imerso. Da mesma forma é o ser humano, busca Jesus, busca a virtude, mas dentro deles habitam fantasmas e sombras que quando despertados pela tentação, pela provação poluem a criatura e é necessário que a criatura tenha domínio sobre si, conhecimento sobre si, para que possa entender o que movimentou o lodo dentro de si, para que possa novamente esperar assentar, reconhecer que o lodo é necessário ao mar, ao rio e ao lago porque alimenta a vida que neles habita. É fonte de conhecimento e até de oxigenação da vida ali presente na natureza. Da mesma forma são as sombras do ser humano ele precisa conhece-las, jamais negá-las ou buscar afoga-las. Conviver com elas e delas tirar o aprendizado para seguir sendo exemplo e servindo.

Este é o estar com Jesus todos os dias e busca-lo. É esta busca constante de aprendizado, de renovação consigo mesmo, esta transformação diária que Oxumarê nos ensina na busca da renovação através das mudanças das peles das serpentes, através das sintonias com a beleza das cores do arco íris que jamais se sobrepõem uma a outra, mas estão sempre na sua mesma ordem harmoniosa nos trazendo exemplos de que tudo tem o seu lugar, o seu momento e sua importância no mundo criado por Deus e onde nós habitamos, fazemos parte e que buscamos estar em harmonia com tudo isso. Saibamos viver com nossas sombras, viver com nossa luz, tirar delas todo proveito que podemos e que precisamos entendendo que muitas vezes somos nós que trazemos a tona o mal que sofremos e que vivemos e não o vizinho ou a inveja do outro, mas todo mal que nos assola parte principalmente de nós mesmos. 

É o domínio sobre si, é o conhecimento que nos faz entender e conviver e tirar de tudo isso luz e comunhão com o divino.

Graças a Deus.


[1] Mateus 11:28