Mensagem do Caboclo Sete Montanhas em sessão de Descarga do dia 07 de dezembro de 2013


Graças a Deus, que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta manhã, em nossa última reunião de Descarga do ano, onde nós fazemos a finalização dos trabalhos de limpeza já preparando o ambiente para mais um ano que iniciará.

Todas as reuniões são um encadeamento de trabalhos, que colocados em sequencia, levam a uma progressão, a uma evolução. Cada reunião prepara para a outra e se espera que, cada vez mais, os filhos aprimorem vossa sintonia e vossa mediunidade.

Também é na reunião de hoje que os filhos têm o ritual de cachoeira, adaptado ao nosso ambiente, ao nosso modo de trabalhar, que é uma diferenciação do ritual de cachoeira onde se costumava ir até a natureza e fazíamos o nosso saravá em contato com as forças da natureza, mas em nossa diferenciação a espiritualidade orientou que se simplificasse e que se trouxesse a cachoeira para o nosso terreiro. Não é o estar lá que é necessário, o importante é a sintonia com aquela energia. O deslocamento dos filhos até o local da cachoeira demandava toda uma preocupação com vosso transporte, com vossa segurança material, de tempo, tudo isto somado à violência que grassa em vosso mundo, à saúde e idade de muitos componentes do corpo mediúnico a cúpula espiritual determinou que tanto a praia como a cachoeira devem e podem ser feitas aqui dentro, pois trazemos para o nosso ambiente de trabalho as energias com as quais a Umbanda trabalha. A Umbanda é sintonia com a natureza, então precisamos ter aqui dentro a vibração do mar, do vento, da terra, da água dos rios; nada mais salutar e propício para manter o axé de uma casa do que trazer tudo isto aqui para dentro. Ao invés de irmos até a natureza, e o homem ainda é indisciplinado e cada vez que vai danifica a natureza; é um lume[1] que pode atear fogo na mata, são oferendas com vidro ou materiais que não se decompõem na natureza; então muitas vezes um terreiro vai até a natureza, pega suas energias, mas a troca que deveria ter sido feita não foi justa porque sai o ser humano cansado, depauperado e fica a natureza destruída demorando a se recompor. Nada mais consciente do que os filhos manterem viva e pulsante a natureza, porque é dela que dependemos em nosso trabalho.

Tudo isto é fruto do amadurecimento. Observem como que é necessário que o ser humano amadureça para que possa dar mais de si em seu trabalho e com isto aproveita-lo melhor; como que o corte do que é desnecessário faz um ritual mais objetivo, porque depois de longas horas vosso corpo nem responde mais ao toque de vossos guias. O que faz um trabalho mediúnico funcionar é a sintonia e o estado de saúde, o estado mental, o estado físico de um médium é imprescindível para que ele possa render em seu trabalho. A própria incorporação de cada médium, quanto menos física e mais mental, melhor e menos poluída é a mensagem que aquele médium consegue captar, do que um médium ofegante, completamente exaurido de suas forças.

Tudo no mundo tende à melhora e neste caminhar da melhora, muitas vezes, se torna muito complexo e extravagante, mas, com o tempo, se adequa e se percebe porque se amadurece. A vossa tecnologia vos ensina isto. Toda a tecnologia existente no mundo atual já existe na espiritualidade há muito tempo, mas o homem gradativamente se torna capaz de traduzir para a matéria aquilo que ele já conhece no mundo espiritual. Vossos aparelhos de comunicação que os filhos hoje têm cada vez mais minúsculos e com mais potencial[2], há tantos anos atrás eram grandes quase como tijolos, pesavam e eram incômodos e hoje os filhos transportam dentro de vossos bolsos pequeninos computadores onde acessam todo tipo de informação. Isto é evolução, é o uso da tecnologia em vosso serviço. Vossos corre-corres[3] que eram feitos de material imensamente pesado e eram demasiado grandes, hoje os filhos tem dentro do corre-corre material mais leve e vários itens de conforto para o vosso transporte. Isto é a inteligência do homem adequando à sua necessidade. O mesmo se dá com a mediunidade.

O homem quando começou a lidar com a mediunidade tinha nela algo de muito sobrenatural e temível. Deuses eram predadores, guerreiros, necessitavam de oferendas, rituais complexos e templos suntuosos, eram perigosos e vingativos. Mas o aperfeiçoamento do homem, da sua sintonia, da sua inteligência, da sua observação, o contato com seres que buscavam sua evolução transformou o contato do homem com sua mediunidade e hoje o homem sabe que basta o pensamento para entrar em contato com seus mentores e amigos espirituais. Em tempos antigos, incorporar era praticamente um exercício de resistência onde o médium era exposto a ficar rodando e rodando até ficar tonto e sua sintonia se fazia muito mais pelo desequilíbrio do que pela vontade do médium; saíam dos rituais cansados e muitas vezes machucados fisicamente, porque se pensava que incorporar era estar completamente dominado por um ser que se apossava de vossos corpos o que quisesse e até a consciência vos fugia. A observação criteriosa e o estudo vos aproximaram do equilíbrio e hoje os filhos sabem que a incorporação é uma concessão que o médium faz para que alguém, através dele, possa se expressar e levar mensagens para o povo terrícola.

É importante o homem acompanhar este crescimento e se permitir o cortar o que é desnecessário e aprimorar o que necessita ser aprimorado. Assim é nosso trabalho em nosso canzó. Muitos filhos observam o terreiro, veem um espaço grande, onde batem tambor, onde fazem oferendas e entram para o terreiro achando que vão ter uma Umbanda diferente, “mais quente” e percebem que para esta Umbanda ser quente e diferente é necessário o estudo e a disciplina. Muito menos oferendas fazemos nos dias de hoje, comparativamente o que fazíamos no passado, se percebendo que sim a oferenda faz parte do ritual, mas ela tem um ciclo. Uma oferenda não pode ficar parada apodrecendo sozinha. Cada vez que os filhos ofertam algo, colocam algo de si e tudo que se coloca em uma oferenda precisa ser movimentado para que possa fazer bem e aí os filhos aprendem que a oferenda não é para o orixá, é para o próprio homem, pois através dela o homem se alimenta e se revigora, pois o orixá se alimenta por si, ele mesmo se recicla, ele mesmo se atualiza, ele existe independente de qualquer adoração. Entendam que todo trabalho mediúnico é um trabalho para o próprio médium. Atuem como se para si estivessem trabalhando e assim farão sempre o melhor, pois ninguém quer para si algo ruim. Daí a importância da disciplina, do amor, da dedicação e aí a vida flui, se endireita e se equilibra. Esta é a educação proposta pela espiritualidade; que cada um cuide de si através do cuidado com o outro.

Que possamos abraçar com consciência a missão que assumimos, sabendo que devemos ter coragem sempre de buscarmos a melhora onde quer que ela se encontre. É importante o médium saber que sua própria incorporação e mediunidade estão sujeitas ao progresso, à adequação, à melhora; o que faz dentro de suas atividades para que ao ser questionado, mesmo por si, tenha respostas consistentes para dar. Cada guia tem sua característica, cada falange de trabalho apresenta-se com algo a oferecer; mas o que é uma incorporação se não a tomada momentânea, o empréstimo de vosso corpo material para uma entidade. Quanto mais simples for esta incorporação, melhor será vosso trabalho. O que significa um brado ou um toque com o punho fechado no peito do médium quando chega seu caboclo, seu boiadeiro e até seu velho, seja quem for? O que significa estar flechando? O que significa quando se curva? O que significa quando sacode as mãos? Tudo isto é significado; é importante os filhos entenderem a que estão servindo e assim efetuem seu trabalho com harmonia. Guerreiros ao jurarem seu voto de lealdade ao seu comandante, bradavam seu nome com a mão sobre o peito. O que significa um caboclo senão lealdade? Incorporem vossos caboclos e vossas entidades guerreiras sabendo que estão jurando lealdade à disciplina, à paz, à ordem; à evolução e atuem como tal. Um caçador ao flechar tem objetividade, faz seu trabalho em silêncio, é cauteloso e paciente para alcançar sua presa; ao flecharem com vossos caboclos sejam também objetivos, práticos, pacientes e inteligentes a buscarem o alvo de vossas vidas e de vossa evolução.

Assim cada movimento que efetuam é importante. Uma limpeza de aura, uma limpeza de ambiente, assim entenderão e conseguirão dar objetividade à vossa sintonia e à incorporação de vossos guias, fazendo com que tudo o que se vê em vosso trabalho seja claro, leve e de fácil entendimento.

Como vos disse toda tecnologia existente hoje já existia na espiritualidade. É importante entenderem o que faz uma entidade ao ir na porteira e tocar no chão de tal ou qual forma. Passa que a identificação digital que os filhos têm hoje existe na espiritualidade há muito mais tempo e existe na programação de cada médium a ligação dele com seu guia compondo uma energia específica que ao tocar determinadas áreas de vossa porteira seja identificada e abra portais que acessam planos e energias propicias ao vosso trabalho. Os gestos que fazem uma entidade não são gestos aleatórios; entendam o porque de cada um, mas para isto é necessário que se desfaçam dos rótulos e dos dogmas e busquem objetividade em vosso trabalho.

Graças a Deus



[1] vela

[2] O caboclo Sete Montanhas se refere aos telefones celulares.

[3] Carros.