Mensagem de dona Molambo em sessão de Descarga do dia 29 de outubro de 2016.
Dizem sempre os antigos que quem se alia a São “Migué” não descansa quando quer. Porque aliar-se a São Miguel é aliar-se a tudo que há de mais poderoso, justo, eficiente, certeiro, todas as potências, todos os poderes do universo. São Miguel foi um dos mentores do próprio Jesus. São Miguel assistiu o descender de sua vibratória ao tornar-se humano. São Miguel assessorou Jesus como médium e Jesus era um exemplo a ser seguido. Jesus seguia intuições provindas do próprio Miguel. Hoje Miguel ocupa nos altares um espaço abaixo do próprio Jesus, não importa o que importa é sua presença. Há quem contradiga esta teoria, mas vos digo que a própria Molambo, a própria Magdalena, era devota de São Miguel.
E aliar-se com todo esse poder, toda essa potência e buscar estar dentro dessa diretriz não é nada fácil. E sempre que se consegue, causamos turbulências a nossa volta e em tudo aquilo que nos rodeia. Todo aquele que traz a verdade incomoda, todo aquele que busca a justiça incomoda, todo aquele que busca levar os outros ao acerto incomoda. Cada um tem o seu trabalho tem a sua missão. Não queremos dizer que a nossa seja melhor. Tudo que precisamos é que sigamos, cada um na sua trajetória, nós na nossa, os outros nas deles, cada um na sua trajetória.
Mas quando trabalhamos com a magia acumulamos energia, acumulamos algo não palpável que necessita ser encaminhado, direcionado e quando não utilizado ou mal utilizado, é como se fosse um transbordamento causa certo desassossego. Tudo isso aliado ao excitamento das vaidades, dos vícios, tudo aquilo que é animalizado, traz desassossego.
Como bem disse nosso comandante, se estamos incomodado é porque estamos no caminho certo, não estivéssemos incomodado seriamos só mais um. E é a certeza, a constância nas ações positivas que vão nos impulsionando. Mas não quer dizer que devemos ficar parados. Sigamos com nosso caminho e lembrando sempre assim: não é porque usamos branco, que desejamos o bem que somos anjos. Já vos dissemos que aqui dentro, e esta é uma característica das Ordens Celestiais, assim como Jesus não veio para os doutores, não veio para os sábios, pegou justamente homens iletrados, da mesma forma a espiritualidade sábia e agregadora do que é bom utiliza também pecadores, para que com o trabalho se acertem.
É natural que apareça e suscite o que é bom, mas quando se ferve algo também estamos depurando aquilo. Alguém já esteve na depuração do ouro? Quando se ferve o ouro à altas temperaturas para purificá-lo enquanto ele ferve em sua superfície, cria-se aquilo que os artesãos chamam de borra. Todas as impurezas do outo sobem formando uma nata espessa que de nada serve. Então se purifica e se limpa para que se obtenha o ouro puro.
É exatamente isso que fazemos em nossos trabalhos, essa fervura traz à tona tudo aquilo em vocês que não presta. É aí que surgem as vaidades, a preguiça, o cansaço, as brechas. E é justamente o retirar da borra que faremos hoje. Estamos aqui hoje porque queremos, estamos aqui porque precisamos, estamos aqui porque a sintonia nos uniu. Estamos aqui não porque somos anjos de candura e de perfeição, mas justamente para nessa fervura nos melhorarmos. Limpemos nossa casa!
Limpemos nossa casa mudando a nossa postura. Não mais aquela postura na qual afastamos e depois blindamos o nosso ambiente. Blindamos e nos protegemos, mas não nos modificamos internamente. Então muitas vezes prendemos dentro da nossa blindagem justamente aquilo que queremos afastar. É tudo isso que a espiritualidade vem fazendo, fazendo com que apareça. Em um ano de Oxum, senhora das águas, natural que a água penetre todos os cantinhos onde haja imundície e traga à tona o que é necessário.
Sejamos corajosos e ao invés de afastar, abracemos o mal para transformá-lo, vivencia-lo e com isso aprender com ele.
Neste momento dona Molambo pediu para que os médiuns definissem em uma palavra o que atrapalha o crescimento de um médium e solicitou ao médium Ulysses para que anotasse as respostas em pedaços de papel
Destroem o trabalho mediúnico e por consequência uma casa de caridade: a irresponsabilidade, a falta de caridade, a impaciência, o egoísmo, a indisciplina, a dúvida, o desamor, a prepotência, a vaidade, o rancor e tudo mais que se assemelhe, se avizinhe e sintonize com isso. É justamente este lixo, esta borra que jaz dentro de cada médium, de cada corpo mediúnico e a ebulição traz isso à tona e começamos a conviver com pessoas rancorosas, indisciplinadas, que deixam de praticar a caridade, que são cada vez mais blindadas em si, só querendo saber de si. Com isso fragmentam-se os elos da corrente, fragmenta-se o alicerce e destrói-se um trabalho. A cada vez que alguém traz isso à tona e sintoniza-se com o outro e com mais outro e temos também a fofoca e a disseminação das inverdades. A dúvida é mãe de tudo isso, porque ela sedimenta cada vez mais o rancor. Quando nós não estamos certos do que queremos e de quem somos tudo isso ganha uma força descomunal. E o que sedimenta um terreiro?
Dona Molambo pediu que se anotasse em pedaços de papel o que dá base a um terreiro.
Por outro lado, o que sedimenta uma casa e alimenta seus alicerces são: a boa vontade, a busca da vitória, a confiança, a prática do bem, do amor, a amizade, a coragem, a fé, a confiança, a paz, a disciplina, a verdade, a humildade. Temos aqui o que buscamos assentados nas insígnias de nosso Comandante[1] fortalecidos com a pemba de nosso outro Comandante[2]. Até o uso do pilão é importante em nossos trabalhos. Ao batermos o pilão emitimos um som, ao batermos o pilão assentado em nosso chão, a vibração que ele provoca desperta as nossas firmezas e diz: nós estamos em trabalho.
Limpemos o nosso ambiente, mentalizemos todos que estão ligados ao nosso terreiro, todos que já estiveram ligados ao nosso terreiro, porque uma vez aqui passando deixam aqui sua marca, como disse Sete Montanhas: tudo que vivemos faz parte de nós. Eles ainda fazem parte de nós. E para limpar nosso ambiente; entidades mestres em limpeza, em lidar com energias poluídas, poluentes, deletérias, Mona Cacura.
Salve Mona Cacura. Salve todas as feiticeiras, feiticeiras velhas, feiticeiras sábias, feiticeiras que desfazem todos os feitiços, feiticeiras que conhecem todos os feitiços, conhecem onde o mal se esconde, Mona Cacura que sabe a onde o mal dorme. Mona Cacura nos auxilie a manter esta higienização, limpando toda indisciplina, toda vaidade, toda prepotência, toda falta de amor, toda falta de caridade, falta de vontade, falta de boa vontade, rancor, intolerância, dúvida. Que saibamos reconhecer tudo isso, saibamos afastar queimar, transformar em paciência, em amizade, em amor em doutrina, em disciplina, em trabalho, em caridade. E que possamos também ter a presença daquele que junto com Molambo, junto com Exu do Cheiro, vem trabalhado na manutenção do nosso trabalho. Aquele que sempre esteve desde o inicio de nossos trabalhos, antes até da encarnação de muitos de vocês.
Dona Molambo invocou a entidade Piolho de Cobra, Exu que trabalhava com o senhor Sebastião Justino, avô do atual diretor do CEJV. A mensagem foi transmitida através da médium Vera Rodrigues.
Mensagem do Exu Piolho de Cobra.
Que mesmo com todas essas adversidades, estas negatividades, escritas no intimo de cada um de vocês, que o fortalecimento seja cada vez maior. Que as palavras de fortalecimento não sejam somente palavras, mas que venham do fundo do coração de cada um de vocês. Que possam fortificar, que possam trazer a força para aqueles que aqui vem buscar, a verdadeira palavra do amor, da confiança e cada vez mais fé.
Que todos os mentores, não deste que está aqui, mas que todos os outros da nossa irmã que também trouxe amor, conhecimento, sabedoria e por intermédio de seus guias espirituais, seu mentor espiritual. Que possam fortificar a cada dia. Que esses que um dia negligenciam, como nossa irmã já disse, são todos médiuns que aqui estão, como disse nossa irmã ninguém aqui é anjo, mas que possam cumprir sua missão. E aqueles que aqui não estão, que negligenciam querendo aproveitar outras paragens, outras diversões, outras companhias que possam sentir neste instante o chamamento de amor não pela orelha, mas pelo coração, que aqui está a verdadeira caridade.
Muitos estão distantes, não estou falando isso por ser ele parte desse sangue, mas que muitas vezes chora com vontade de aqui estar. Que ele possa cumprir, saiba cumprir, que não é preciso também estar aqui, já que tem necessidade de estar lá. Cumprir a verdadeira caridade com aqueles que se aproximarem dele. Possa provar o que aqui aprendeu distribuindo amor. Amor fraterno e palavras de sabedoria. E aqueles todos que já partiram para a espiritualidade e dessa casa fizeram parte como médiuns que possam seguir no trabalho da caridade.
Obrigado a todos.
[1] O ponto do Caboclo Sete Montanhas que foi riscado antes da gira de Exu.
[2] Dona Molambo enquanto falava moía no pilão restos de pemba do Caboclo Sete Flechas