Sessão de Pretos Velhos do dia 12 de novembro de 2016.


Graças a Deus, mais uma vez nos reunimos em nome de Jesus, para mais uma prática mediúnica, mais uma prática de vossa religiosidade através da ritualística que a Umbanda oferece.

Lembramos a todos vocês que se aproxima o dia 15 de Novembro, quando se comemora a passagem da data da fundação da religiosidade Umbandista. A data em que se oficializou esta religião tal qual é hoje, mas que já vinha sendo processada, praticada desde antes do 15 de Novembro de 1908. Os acontecimentos de vosso mundo não surgem do nada. Todo momento histórico é um crescimento, um somatório de ocasiões, de feitos, que vão se somando até chegar a um ápice, a um a um clímax em que tal coisa se sucede.

Assim também foi com a Umbanda, que veio sendo preparada no âmbito material, no âmbito espiritual desde a chegada do negro escravo, com a junção com a religiosidade dos brancos, um pouco da religiosidade do índio e assim com a mescla de vosso povo e de suas crenças cresceu essa forma de religiosidade onde filhos encontram todos os elementos nacionais necessários à prática de vossa crença e de vosso crescimento.  Tudo que se faz em um âmbito umbandista torna-se remédio, tudo em um terreiro é mágico, desde um copo d’água a um pedaço de papel. Tudo isso envolvido com a emoção transforma-se em instrumento mágico que filhos utilizam para sua sintonia com o mundo espiritual. Mas é importante lembrar a vocês que tudo isso depende principalmente da vossa fé, da vossa crença, da vossa vontade de crescimento. Porque se não tornam-se tão somente rituais vazios e sem significado.

É necessário que o Umbandista comece a interpretar sua religião como algo que faz parte da sua própria essência. Assumi-la de forma que se sinta bem e orgulhoso de fazer parte dela. Porque o preconceito ainda é da parte do próprio umbandista que não se assume porque não entende a sua religiosidade. Na medida em que ele buscar conhecer, desmistificar e, realmente, tirar a vaidade de dentro dos terreiros e de dentro de si, começará a ver que Umbanda é simplicidade. Simplicidade não com o significado de desleixo, mas simplicidade no sentido de objetividade. É importante sim, que filhos valorizem todo esforço daqueles primeiros médiuns, primeiros chefes de terreiros que lutaram ferrenhamente contra preconceitos, contra toda uma ideologia contrária ao que emergia do inconsciente coletivo. É importante porém perceber que muitas das práticas já se tornaram obsoletas e necessitam sua adaptação ao mundo atual, porque quem não se adapta morre tal qual os dinossauros o fizeram.

Pois então que o ser humano que se entenda Umbandista perceba que 108 anos é  muito pouco tempo.  A Umbanda ainda se encontra em ebulição, em adaptação, mas nem por isso longe de sua eficácia. Então respeitem vossa religiosidade, busquem entende-la e vive-la e principalmente façam por onde tudo aquilo de bom que há em si possa encontrar ninho na religiosidade que praticam.  Porque somente farão isso quando realmente se conhecerem e se entenderem.

Ao buscarem um Exu busquem o conhecimento da felicidade, da liberdade e da responsabilidade que ele representa e não busquem um Exu para arrumar rabo-de-saia, para destruir matrimônios, para vingarem-se de dissabores, isso é atraso espiritual e não encontra lugar, em qualquer lugar que se diga trabalhar em nome de Jesus ou de qualquer entidade iluminada.  Ao buscarem um Preto Velho, busquem a sabedoria dos anciãos que viveram, que sabem, que conhecem as dores desde a infância, da maturidade e da velhice porque realmente as viveram, porque conhecem o segredo da vida, seus dissabores e suas alegrias e não para chás de aborto, ou para conluio com os espíritos obsessores. Ao buscarem a proteção de um Boiadeiro entendam que ali reside a sabedoria do homem simples, de ver as coisas com simplicidade, com objetividade, com carinho, com a fé sadia, sincera, simples daqueles que veem Deus em tudo que fazem, na natureza e dentro de si principalmente. Ao buscarem a força de um Caboclo busquem a proteção de um pai, de um irmão mais velho, que vos quer bem, que vos corrige e que aponta vossos erros.  Então qualquer coisa que seja feita em nome de Jesus não se coaduna com a violência, com o preconceito, com a ignorância, com a discórdia, com a dissolução de famílias, com as inverdades.

Tragam para dentro de vossos templos e dentro de vossas orações a verdade, a sinceridade e a paz que apregoam querer.

Graças a Deus.