Mensagem do Caboclo Sete Flechas em sessão de Pretos Velhos do dia 23 de Março
de 2019.
Graças a Deus.
Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde.
Nos reunimos em nome de Jesus para mais uma prática mediúnica, sempre sob a
orientação das falanges que se colocam de baixo da bandeira do cordeiro, como dizemos
no mundo cristão, daquele que foi imolado em favor da humanidade. O sacrifício de
Jesus significou a redenção dos pecados dentro da sua cultura, dentro das profecias que
assim apregoavam.
Aqui estamos nós seguindo as orientações que Jesus deixou. Suas palavras
seguem sendo atuais onde quer que se esteja; mais do que nunca o mundo necessita da
prática do perdão que ele tanto pregou; ele disse que em seu nome haveria guerras; disse
que não veio trazer a paz, mais do que nunca, em nome de Jesus pessoas travam
verdadeiras guerras buscando trazer para si uma verdade que não contém em ninguém,
pois cada um distorce sempre que pode as palavras de Jesus para adequá-las à sua
vontade ou realidade que vê. Dentro das famílias pessoas guerreiam pela verdade, mas
cada um enxerga a verdade pela pequenina fresta que a sua alma permite.
É importante que o ser humano entenda que assim como o mundo é redondo, e
todos os orbes são redondos, assim como o universo é infinito; existem várias,
inúmeras, múltiplas possibilidades da verdade se fazer presente. Então é importante que
se desenvolva o respeito para que possamos compreender, não necessariamente aceitar,
visões diferentes da nossa. É importante que saibamos que existe o “meio termo” que
não satisfaz 100% a uma parte e nem 100% a outra, mas o amadurecimento repousa em
saber doar, em saber compreender que a vida, quando nós compreendemos por justiça a
satisfação da nossa vontade, que a vida não é justa. Mas se entendermos a vida como
justiça no sentido de igualdade, entendendo que o correto é o bem para todos em
detrimento do particular, aí a vida passa a ter mais congruência e mais serenidade.
Que saibamos ser merecedores da justiça de Deus que não recai apenas sobre
uma pessoa, não favorece grupos. A justiça de Deus entende que deve haver o bem
coletivo para que possa haver o bem para todos. Saiamos do egocentrismo, saibamos
compreender que um caminho que começamos a traçar, outros também traçam e
chegaremos todos ao mesmo local. Cada um em seu tempo, em sua trajetória e em sua
necessidade. O que não podemos é querer que a verdade caiba em nossa estreita visão.
Que entendamos que um rio corre por si; não precisamos apressar as águas do
rio. A natureza o faz na hora da enchente ou o retarda na época da estiagem, pois existe
um comando na ordem natural que não é regido pela nossa vontade. Um rio corre por si
só, assim como a vida sempre encontra um meio de se fazer presente, apesar da nossa
vontade ser distinta. Queremos dizer com isto que ter fé não é acreditar que o que
queremos acontecerá, ter fé é acreditar que o melhor acontecerá. Assim estaremos
exercendo a fé sadia, a fé que pratica e que auxilia para que não tenhamos o costume de
torcer as palavras da espiritualidade que chegam até nós. A espiritualidade jamais
tomará partido em detrimento de um ou de outro. A espiritualidade tomará o partido do
bem coletivo; a espiritualidade tomará o partido do que é necessário para que haja
harmonia.
Que entendamos que o orixá abençoa a todos; não é porque sou filho deste que
sou mais forte ou que ele me abençoará nesta ou naquela contenta. O importante é
passarmos a ver os orixás, guias e todas estas energias que comungam conosco como
auxiliares do nosso progresso, auxiliares da nossa melhora. Auxiliares porque o
progresso e a melhora dependem de nós, eles já viveram a sua parte, já tiveram estas
lutas. Hoje travam outras que nós nem compreendemos, mas a cabe a nós seguirmos
seus passos para melhorarmos. Aceitar o fim dos ciclos, aceitar o fim das coisas;
quando lidamos com a finitude, quando lidamos com a morte e com a perda,
aprendemos a dar valor, enquanto temos, à presença das pessoas importantes, enquanto
temos coisas que nos são caras. Assim valorizamos o tempo que utilizamos, assim
quando nos falta algo conseguimos ver o valor do que temos. É na falta que valorizamos
o que importa e que não demos a verdadeira e necessária atenção.
Foi por isto que conseguimos discernir a várias tonalidades de voz e a
contribuição de cada um nos cantos que fazemos. É assim que buscamos a nossa
melhora no canto que entoamos, porque enquanto o atabaque se faz presente, mas se
sobrepõe ao potencialde voz que também tem sua beleza e necessidade. Que saibamos
valorizar o que temos no momento e não somente o que momentaneamente estamos
carentes.
Que entendamos que a vibração está na sintonia da nossa mente, nossas reuniões
acontecem por conta dos que estão presentes e não dos que estão ausentes. Muitos
observam a assistência dizem “Oh não tem ninguém, o que faremos hoje?”
Trabalharemos para aquele que veio, trabalharemos para quem aqui está, pois se aqui
está foi porque Deus o permitiu e a pessoa assim o quis e em nome destes que tudo
transcorrerá como sempre transcorreu, com a energia, com a tranquilidade com a fé que
possuímos.
Tenhamos a convicção: a fé não é a satisfação de nosso desejo, a fé é realização
do que tem que ser feito de acordo com a permissão de Deus.
Graças a Deus.