Graças a Deus.
Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde em que filhos se reúnem em nome de Jesus.
Assim vem sendo desde então com o advento da doutrina trazida por Jesus, de sua perseguição política e religiosa, seus seguidores seguiram encontrando-se na clandestinidade, em silêncio, com a promessa de que Jesus sempre estaria presente a cada vez que pessoas se reunissem em seu nome.
Seguimos nós, também debaixo da bandeira cristã, na expectativa e na certeza da presença de Jesus entre nós, mas precisamos honrar a presença de Jesus entre nós; não basta que nos reunamos em seu nome, façamos leituras, entoemos cânticos e nos emocionemos diante da beleza da espiritualidade que se faz presente pela nossa sensibilidade, mas o ser cristão vai além do seu culto. O ser cristão precisa ser vivenciado no dia-a-dia, porque aí sim estaremos honrando a palavra que Jesus deixou.
Jesus não fundou religião alguma. Jesus fundou uma doutrina, um pensamento, uma forma de observar o mundo. Ele revolucionou o pensamento de sua época em que a vingança, a lei de Talião, o olho por olho e o dente por dente, eram vigentes em sua época. Jesus revolucionou trazendo um pensamento amoroso, um pensamento de perdão, o pensamento do dar a outra face, mas o ser humano se esquece e idealiza um Jesus somente religioso e se esquece de fazer a ligação entre a religiosidade e a sua prática diária.
Então faz suas leituras, faz seus cânticos, faz seus rituais, mas na hora de vivenciar em sua casa, em seu trabalho ou consigo mesmo os ensinamentos postulados por Jesus, se esquece e duvida, na primeira topada, da presença da bondade de Deus e de Jesus em sua vida. Porque confundem o ser religioso com o ser humano. O ser humano é falho; ele precisa de exercício constante do seu caráter. Isso se dá através do trabalho, através da vivência, através da experiência, porque livros trazem instrução; a vida traz sabedoria pela experiência.
Então nos locupletamos nas leituras, queremos um cérebro maior para guardar tanta informação de rituais e de ervas e de nomes e de entidades e de tudo isso; se esquecendo que através de cada cântico, de cada momento vivenciado em um terreiro existem lições de humildade, de dedicação e de perseverança. A própria natureza vos ensina que cada coisa tem seu tempo, mas o homem confunde o ser religioso com ser merecedor e exige de Deus resultados que ele não busca, para que aconteçam.
Então precisamos sim, vivenciar a religião e nos emocionarmos porque essa emoção nos aproxima da beleza, temos uma visão, mas é somente a vivência, o exercício na prática com o próximo mais próximo, com o cônjuge, com o filho, com o vizinho, com o subordinado, com o chefe, é que exercitamos efetivamente a humildade e as dosagens de amor necessárias. Porque o que move o mundo é o amor que empenhamos naquilo que fazemos.
Precisamos desvincular o retorno monetário de tudo que fazemos. O retorno monetário será uma consequência de tudo que fazemos bem porque o vosso mundo ainda é movido pela energia do dinheiro, do comércio, porque a economia precisa girar, porque as pessoas precisam se alimentar e se vestir e ter conforto, mas o mundo não é só isso. Porque não vivemos sem dinheiro, mas não vivemos só com o dinheiro.
Então precisamos trazer esse amor que Jesus pregou na vivência e não só na palavra oca que sai da boca, mas morre poucos segundos depois. As palavras de Jesus ecoam no mundo, mas poucos efetivamente vivenciam e introjetam a sua vivência. Temos Jesus em grandes palácios de oração, mas um Jesus enfraquecido no coração e na vivencia do dia a dia.
Que saibamos, tal qual os antigos cristãos, nos reunirmos em nome dele, mas realmente nos sacrificarmos em nome dele para que possamos nos desvencilhar das vaidades que nos prendem ao sofrimento. Tudo aquilo que nos faz sofrer nos lembra que estamos fora de um prumo, de um equilíbrio. Quando vivemos a nossa vida com a dignidade necessária, com o empenho necessário, com o que é apenas necessário, a vida se torna mais leve, mais tranquila, menos trabalhosa. Então que com Jesus aprendamos a simplicidade. Nasceu simples, morreu entre ladrões, precisamos também homenagear esse homem na medida em que nós também vivemos com simplicidade, sem preconceitos e levando o amor em tudo que fazemos. Graças a Deus.
Graças a Deus.