Graças a Deus.

Como estão todos?

Bem e a senhora?

Pedindo a Deus que me escute. 

Mas ele sempre escuta. Passa que a resposta de Deus pode ser “não” e contra esta palavra não há argumentos; pode ser que ele diga “sim” e eu preciso me responsabilizar pelo o que ele me trouxer e pode ser que ele diga “ainda não, amadureça mais um pouco. Espere, saiba aguardar. Enquanto isso vai sendo útil, trabalhe e vai pedindo, vai se aprimorando”. Na maioria das vezes a resposta de Deus é “ainda não”. Porque se ele diz “ainda não”, ele quer dizer que “o esforço é teu, não é meu”.

Uma borboleta antes de ser borboleta era uma lagarta. Esta lagarta se alimentou de todas as folhas que podia, se fortaleceu e, em tempo regido pelo próprio criador, ela percebe que precisa tecer o seu casulo. E ela tece, e ela tece, ela tece tanta coisa que ela fica envolvida em tudo aquilo que ela mesma fez; e ela amadurece, porque as ações que praticamos nos envolvem num casulo todo próprio de nós mesmos, pensamentos, atitudes, desejos, que muitas vezes pensamos nos sufocar, mas dentro do casulo a lagarta amadurece e se transforma. E é a própria lagarta que se esforça para sair desse casulo transformada, renovada, pronta para alçar seu voo. E ai de quem abrir o casulo antes do tempo. Ai de quem auxiliar a borboleta a sair do seu casulo; matará o pobre animal, porque é o seu próprio esforço que fará com que ela ganhe forças para voar. É o tempo de secar as suas asas do muco que ela mesma criou para que possa bate-las. Não podemos interromper o processo de libertação de uma borboleta sob a pena de estarmos matando um animal que terá o seu futuro, seu papel a desempenhar na natureza. 

Da mesma forma são cada um de vocês. Se Deus diz “ainda não”, estão dentro do casulo que vocês mesmos criaram. É o seu esforço que fará com que abram este casulo e que saiam desse casulo e que permitam que o tempo generoso os capacite aos voos que precisam ter. 

Então não apressem o rio, ele sabe correr sozinho. Não apressem a noite porque ela terá o seu tempo de correr pelo céu. Não apressem, mas não fiquem parados. Se Deus disse “ainda não” é porque ainda não.

Então trabalhem-se, desenvolvam-se e fortaleçam-se. E nesse meio tempo, trabalhem o caráter. Trabalhem o caráter, trabalhem a língua, a postura, a linguagem. Dos seres criados pelo criador, o homem é o mais complexo e ao mesmo tempo é o mais incapaz de ajudar o seu próximo. Animais já fazem isso, porque não o homem? Por que não desenvolver a empatia, a capacidade do perdão, da harmonia entre si.

O dom da palavra, o dom da linguagem é uma benção e raramente estamos usando de maneira adequada. A linguagem não pode ser doce excessivamente de modo que não crie segurança e transparência, mas também não pode ser dura em excesso de modo que quebre a simpatia. Este equilíbrio entre doçura e firmeza é o exercício que estão aqui para aprender.

Coloquem quantas guias quiserem no pescoço. Incorporem quantas entidades se permitirem, risquem todos os pontos que quiserem, façam todos os rituais. Se não houver amor nada serão. Serão como o sino que soa sem qualquer diálogo com o equilíbrio e com o amor, já disse isso o sábio São Paulo. Estou somente repetindo o que li certa vez, mas que me disse muita coisa. Então busquem mais amor, mais simpatia, equilíbrio e paz. Tirem as couraças da guerra e botem as couraças do trabalho, da esperança e da caridade.

É o que tenho a vos dizer.

E vamos trabalhar.