Mensagem do caboclo Sete Flechas em sessão de caboclos do dia 25 de maio de 2024.


Graças a Deus.

Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde, onde se reúnem em nome de Deus pra mais uma oportunidade de convivência, de contato com o mundo espiritual através da mediunidade; onde filhos são intermediários, veículos transmissores dessas palavras e, ao mesmo tempo, também são aqueles que absorvem tudo isso.

Então que possa o ser humano ir lidando com isso com a naturalidade que existe. O médium não é um ser especial, não é um ser super dotado de poderes; é um ser humano que é capacitado para este intercâmbio. Para este trabalho precisa do seu aprimoramento através do estudo, através da boa vontade, através da disponibilidade do ser humano em servir.

Que possamos vestir a indumentária da humildade, percebendo que o trabalho se dará na medida em que nos permitirmos e que nos capacitarmos de maneira educada para que tal aconteça. Que possamos ver a mediunidade, e todas as suas manifestações, com a naturalidade que ela exige, para que assim possamos servir melhor; nada de fantasioso, mas também nada de demasiadas dúvidas. Que possamos, com a prática saudável e o estudo direcionado, desmistificarmos todos os fantasmas que criam ao redor do trabalho mediúnico. Que possamos ver este como o sexto sentido, tal qual os outros cinco funcionam, que possa também a mediunidade ser capaz de fazer com que o homem se adeque no mundo em que vive, na vida que tem e a partir daí ter a sua experiência sensorial mediúnica equilibrada e  direcionada sempre para o bem, porque é para o bem que todo homem precisa direcionar-se para que a sua vida flua de maneira saudável.

Várias são as opções de comportamento que o ser humano tem, dado o livre arbítrio que recebeu, mas a inteligência do homem é capaz de discernir os retornos que cada decisão traz. Não existe um efeito sem uma causa que seja exatamente relacionada a ele. Tudo aquilo que praticamos transforma-se na causa de um efeito que acontecerá. Todo efeito é o retorno de algo que eu fiz então analiso os efeitos que retornam a mim, os efeitos que causo no mundo e nas pessoas para que eu possa então adequar as causas que eu produzo porque sou responsável por elas. Que saibamos assumir esta responsabilidade.

E hoje, especificamente, estamos na última reunião do mês de maio. Um mês dedicado às mães pela vossa cultura, um mês dedicado à maternidade e à feminilidade, mas o ser humano romantizou demasiadamente o papel da mãe e o santificou de maneira exacerbada  que muitas vezes as imagens que transparecem nas palavras e votos que fazemos às mães nem sempre se adequam, se encaixam na imagem que a própria mãe tem de si ou da própria imagem que a mãe passa pelas suas experiências, pelas suas atitudes, pela sua postura. Porque imaginamos uma mãe santa, uma mãe amor eterno, incansável, doadora de si mesma e nos esquecemos de que a mãe é um ser humano, de que mãe tem o seu tempo para repouso, de que mãe tem as suas necessidades, de que precisamos retirar esta excessiva responsabilidade que colocamos nas mães de serem todo poder, doação e bondade. Porque nem toda mãe o tempo inteiro consegue, ou quer ser, doação e bondade. Precisamos retirar da mãe a culpa de não nos ter dado aquilo que precisamos porque ela não podia muitas vezes nos dar aquilo que queríamos, porque somos seres humanos falhos. Há mães que nunca quiseram ser mães, há mães que são mães por acaso, há mais que são mães por acidente, há mães que não conseguiram ser mães biológicas. Mães são tão somente seres humanos na busca do progresso como qualquer outro. A mãe é um papel que ela desempenha na vida.

Então que possamos respeitar a mulher que é mãe e permitir que ela seja o que ela precisa e não aquilo que queremos que ela seja, para que então a mulher possa ser a mãe que ela consegue ser e que nós consigamos ser os filhos que conseguirmos ser para sanearmos os relacionamentos familiares e fazermos da família um local onde haja realmente entendimento e não cobrança e muito menos culpa por não conseguirmos ser aquilo que esperávamos que fossemos. Então que o mês de maio possa trazer em sua finalização para todos os presentes, a reflexão e o respeito não apenas pela figura da mãe, mas pela figura do ser humano mulher que precisa, acima de tudo, ser mãe e corresponder às expectativas que são colocadas sobre ela.

Então que possamos sacudir os ombros e levarmos pra longe toda culpa para que possamos ser realmente quem somos. Para que possamos ser realmente felizes o quanto podemos ser e jamais nos adequarmos a expectativas que não correspondem às nossas possibilidades. Então que as mães possam ser, antes de tudo, seres humanos na busca de paz e de harmonia e que filhos, antes de tudo, possam ser seres humanos que precisam honrar quem veio primeiro, quem está ali dando apoio e sanearmos os relacionamentos familiares retirando cobranças, culpas e todo arremesso de vaidade e de maus entendimentos. Que possamos entender que a família é ponto, é foco de apoio e de crescimento. Porque se não pudermos ser felizes dentro de nossa casa, onde mais seremos? Que saibamos semear o nosso ambiente com mais amor, com mais perdão e tirarmos a excessiva cobrança das figuras que nos antecedem.

E maio, regido pelas mães tem em sua figura o orixá Oxum que antes de tudo não é o Orixá da vaidade, não é o Orixá da futilidade. É o Orixá do amor próprio, mas o amor próprio não o egoísmo, mas é o amor daquele que sabe cuidar de si. Não é o amor próprio daquele que vive a vida somente pra si, mas aquele que vive a vida servindo o que precisa servir em si para servir o outro. É aquele que pensa no outro através de si. É aquele que cuida de si porque sabe que precisa cuidar de si para seguir sendo uma boa pessoa, uma boa mãe, um bom pai, um bom profissional. O amor próprio que cura as feridas que sempre acontecem, porque luto, perda, enfermidade e tristeza fazem parte da vida e fazem parte da estrutura mental de todo ser humano, porque a vida não é só alegria e aquilo que queremos. A vida é aquilo que ela é! Então que o amor próprio possa trazer a fortaleza e a base necessária para seguirmos enfrentando tudo. Alegria com equilíbrio, tristeza com equilíbrio, dialogar consigo mesmo de forma que possamos servir antes de tudo ao bem e ao progresso coletivo e individual.

Então que Oxum possa também ser desmistificada. Não aquele Orixá que propicia casamentos e que amansa a todos. Não! Que Oxum possa nos fazer olhar para dentro de si. Oxum cuida de si, assim como nós também devemos cuidar de nós mesmos para que deixemos de lado a vida do outro e nos impormos ao outro e nos direcionarmos ao outro como ele deve viver. Primeiro eu preciso saber como eu preciso viver, como eu posso viver para então eu poder respeitar o lugar e a vida do outro.

Então que Oxum possa clarear a nossa visão interna de nós mesmos, nos desnudando e vermos tudo que precisamos arrumar dentro de nós, para que então arrumando a nossa casa interna, saibamos refletir com transparência, com gentileza, com fraternidade, com educação, a vida que precisamos transbordar para o mundo, para as pessoas e sendo úteis, como todo ser humano precisa ser.

Graças a Deus.