Mensagem do caboclo Sete Flechas em sessão de Boiadeiros do dia 01 de junho de 2024. Homenagem ao orixá Obá.


Graças a Deus.

Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde em que se reúnem em nome de Jesus. Que a paz do nazareno possa envolver a todos, porque todos que buscam uma casa religiosa, uma casa de Deus, uma casa cristã, buscam o acolhimento que Jesus oferece. Então que saibamos nos colocar na posição daqueles que vão receber as bênçãos de Jesus. A primeira postura não é a postura das mãos postas, mas a do coração e do pensamento abertos para que Jesus opere.

Vos dissemos, e vamos repetir quanta vezes forem necessárias, que a porta onde Jesus bate se abre por dentro. Então que as pessoas que recebem, ou desejam receber, a figura de Jesus, possam abrir o coração e com ele permitir que a essência de Jesus entre e essa essência se inicia pela simplicidade, pela boa vontade, pelo apagar de toda vaidade e de todo ego, porque Jesus foi doação durante toda a sua existência. Foi, o tempo todo, um revolucionário, mas através da paz. Não trouxe uma espada física, não buscou uma arma na defesa de si ou de um reino, mas buscou municiar o ser humano com a força do amor e da bondade e despertando no ser humano aquilo que todo ser humano tem dentro; buscando o melhor que se tenha e é sempre através do bom exemplo, sempre através do insuflar os bons sentimentos, a irmandade, a fraternidade, a doação, e os dons de manipulação das energias internas e do pensamento, movimentando partículas espirituais no refazimento das criaturas.

Quando se fala em Jesus, nós falamos em doação e não só em recebimento, porque as pessoas buscam a casa de Deus para receber e quando se sentem saciadas, ou quando percebem que não serão saciadas pelo que desejam, afastam-se e vão buscar outros locais que lhes apeteçam a fome e a necessidade egoísta. Quando se fala em Jesus, se fala em doação a todo momento, na percepção do outro ser humano existente para que esta existência seja pacifica e harmoniosa.

Então não adianta virarmos as costas para o que nos incomoda, o que não nos diz aquilo que queremos ouvir na tentativa infantil de fazer com que deixem de existir. Tal qual as crianças que quando começam a se reconhecerem enquanto seres humanos diferenciados do outro, escondem o rosto na esperança de que ao fazerem isso deixem de ser notados, deixem de existir, porque neste estágio mental do ser humano, o isolar-se, o esconder-se, o deixar de ser percebido é semelhante a sua própria desintegração. E o ser humano muitas vezes cresce pensando que ao isolar-se, ao ignorar o outro o outro deixa de existir porque a sua consciência não mais o percebe, mas as coisas seguem existindo porque existe uma consciência maior que é Deus que a tudo percebe.

Então o dia do hoje está aqui conosco, nossa consciência é que nos faz perceber todos os presentes e as emoções e os pensamentos e os objetos e tudo que aqui existe, mas também muitas coisas existem fora deste ambiente, outros sentimentos, outras ligações magnéticas, outras pessoas, outros interesses; porque outras pessoas estão percebendo estas coisas com as quais têm afinidades. E mesmo as coisas que não percebemos agora ou que outros também não percebem seguem existindo tal qual as enfermidades ou tal qual tudo que é bom que há por vir, porque Deus, a consciência máxima do universo, a tudo percebe. Tudo existe porque Deus criou e porque Deus percebe tudo. É por isso que ele é onipresente, é por isso que ele é a consciência eterna do tempo.

A existência de Deus faz com que tudo exista e que siga existindo por uma razão, porque é necessário. A consciência e a sabedoria de Deus, infinitas e amorosas, fazem com que as coisas existam por uma razão que a ele compete. E a fé reside justamente em saber que Deus é a inteligência suprema. O inicio de tudo, onde tudo converge, onde tudo inicia, onde tudo termina. Então não adianta dizermos que estamos sozinhos, que ninguém nos olha, porque a consciência de Deus nos observa a todo momento.

E é por isso que tudo que nos acontece e vem de Deus é com a sua permissão. Então a fé é saber que Deus olha por mim, independente do que me aconteça. A consciência e o amor de Deus velam a todo momento por mim e esta certeza nos mantém vivos e a fé sadia alimenta-se dessa esperança e da certeza de que tudo, tudo que nos acontece, é a manifestação do amor de Deus mesmo que não entendamos o porquê. Porque a consciência de Deus permite o que for bom para o seu filho, e somos todos criaturas provenientes de um mesmo pai. Então a fé não é o desejar que aquilo que eu quero aconteça; a fé é saber que aquilo acontece, Deus me percebe e Deus me envia o que é o melhor para mim. Esta consciência nos coloca em paz com o amor de Deus, nos coloca em paz com a figura que Jesus trouxe de pai, porque pais, bem o sabem, que existe a hora de dizer o não a seu filho; pais dizem também o ainda não; pais dizem sim. Pais estão presentes, pais se afastam um pouco para que o filho cresça e dizemos pais e mães a figura do que cria.

Então não adianta eu dialogar ou brigar com Deus de modo em que eu queira impor a Deus as minhas vontades. A minha fé me ensina que o que vem de Deus é bom e é justo e se algum mal me faz e eu ainda não entendi o que Deus quer dizer. Essa é a fé que se espera de todo religioso saudável, coerente e posicionado dentro de sua fé e de sua razão na busca da melhora. Aceitamos porque sabemos que Deus é justo; aceitamos porque sabemos que Deus é pai. Ninguém está só, ninguém morre só, ninguém vive só, porque a figura de Deus está presente a tudo percebendo e a tudo abençoando e se fazendo presente. Basta que o ser humano se torne sensível as coisas de Deus, que são a justiça, a bondade, os valores nobres que elevam a criatura em toda a sua vibratória. Se eu me cerco de egoísmo, se eu me cerco de maledicência, se eu me cerco de aridez no meu coração eu só me isolo, mas sigo sendo percebido por Deus que envia as mensagens e que envia os retornos para que eu possa aprender.

Então que saibamos dialogar com Deus de maneira mais equilibrada e aguardar dele todo bem que ele segue enviando e fazer por onde que através dos pequeninos passos do aprendizado humano ir desvencilhando das amarras do sofrimento, entendendo que todo sofrimento é o afastamento de uma linha mestra de progresso, de educação, de crescimento, de luz.

Então que Deus siga nos percebendo, nos abençoando, nos educando e que nossa fé também cresça de maneira a entender que o que vem de Deus é justo e é bom e que não adianta a rebeldia, não adianta os caminhos tortos, os atalhos para chegar onde pensamos que queremos chegar. 
O caminho é um só e já foi traçado por todos os filósofos e mestres ascencionados. Se eles chegaram lá qualquer um de voz pode chegar.

Graças a Deus.