Mensagem do Caboclo Sete Flechas em sessão de Boiadeiros do dia 28 de janeiro de 2023.


Graças a Deus.     

Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês nesta tarde em que se reúnem em nome de Jesus, posto que estamos de baixo da bandeira dele; dentro de uma religiosidade que se baseia nos ensinamentos cristãos.

Ao observarmos nosso altar temos no topo a figura de Jesus, mestre de Nazaré, que segue sendo o nome mais pronunciado em vosso globo. O nome mais falado, mais buscado, mas nem sempre vivido. Então que filhos possam entender esse peso, a responsabilidade que é quando se dizem cristãos. Porque o ser cristão é estar obediente à postura que Jesus pregou e não apenas tê-lo pendurado em adornos ou adornando as paredes de nossos templos e de nossas casas.

Não é só carregando um livro sagrado que somos cristãos, não é só pronunciando palavras em seu nome que nos faz cristãos, mas a vivência da doação é que nos faz cristãos, é a vivência do perdão incondicional é que nos faz cristãos. Exercitamos o perdão quando perdoamos a quem gostamos, um irmão, um parente, um amigo, esse é um exercício saudável do perdão. Mas o ir além dos laços sanguíneos, o ir além do nosso orgulho e de nossa vaidade exercita a “musculatura cristã” para que realmente vivamos em seu nome.

O doar-se, o aproximar-se da divindade através de Jesus é aproximar-se do semelhante. Não existe outra maneira de aproximarmo-nos de Jesus e de Deus sem nos aproximarmos do nosso próximo seja ele quem for, porque se todos caminham para Deus através de Jesus e buscamos Jesus e o vemos como um ponto central. Se todos convergem para este ponto, na medida em que nos aproximamos desse ponto, também nos aproximamos de outros semelhantes que também caminham para ele. Isto é a própria lei física, ao caminharmos para um ponto nos aproximamos dele e de todos aqueles outros que também deles se aproximam. Então não adianta o querer ter Jesus se eu me separo e não quero a convivência ou o perdão do meu semelhante. Não adianta é viver uma mentira. Então que saibamos sair dessa redoma que construímos à nossa volta nos dizendo cristãos, mas é uma bolha frágil que qualquer sopro da vida estoura e nos expõe novamente a todas as energias que precisamos estar expostos para realmente tirarmos as cascas da ignorância e nos aproximamos de Jesus e da divindade como é o destino de qualquer criatura existente. Da mais ínfima ameba ao mais complexo dos organismos, todos caminham para a aproximação de Deus. E o tempo de Deus que é a eternidade aguarda com paciência, mas com labuta, aguarda com paciência, mas nos dando trabalho e oportunidades de crescimento.

E o mal que atinge o ser humano é a ansiedade. A ansiedade de ver as coisas acontecerem ao seu modo, ao seu querer, ao seu desejo; esquecendo-se de que tudo precisa de uma maturação ou mais longa ou mais curta, mas precisamos amadurecer nós mesmos, sedimentar conhecimento, fortalecer caráter e valores para que possamos ver os resultados de nossos frutos e de nossos desejos acontecendo. Porque o ser humano precisa entender que muitas vezes coloca como destino algo que deveria ser o meio. O ser humano quer ser feliz, mas ele precisa entender que a felicidade não é o destino; a felicidade é o caminho.

O ser humano quer ter dinheiro, mas se esquece que o dinheiro não é o final; é uma consequência do trabalho. Então vive sequioso de uma felicidade que não sabe quando chegará de uma abundância material que não sabe o que fazer quando ela chega.

Tudo isso é o meio de chegarmos até a divindade, é o meio de chegarmos até o destino da evolução. Então que saibamos acordar e conviver com alegria, cultivando a alegria para que ela seja o azeite que dá a capacidade da máquina girar com saúde e com benevolência para que o dia passe com tranquilidade. Que saibamos almejar alguma coisa. Se vou ao meu trabalho que eu o faça com amor, que eu faça com alegria, porque eu farei bem feito e o retorno disso tudo será o dinheiro que eu tanto busco. Quando eu tiro o cifrão dos olhos ele passa para o meu bolso naturalmente, na medida em que eu sei administrá-lo.

Então que possamos viver cada dia percebendo que o servir, este sim, é o destino de toda criatura, porque foi isso que Jesus fez; serviu a todo momento e hoje ele é uma das criaturas mais buscadas em vosso mundo, mas nos esquecemos de que o servir é o destino do ser humano independente de sua postura social, de seu grau de hierarquia, de sua idade. Servir sempre! O enfermo serve quando dá demonstração de paciência, de humildade, quem tem poder serve quando dá demonstrações de ser magnânimo, de perdoar, de dar oportunidade de trabalho. O trabalhador serve, quando serve com amor e devotação, com irmandade e com fraternidade. É o servir, ao indossar um hábito mediúnico, uma roupa branca, meu destino não é dirigir um templo, não é ter muitas guias no pescoço, não é ser famoso, não é ter poderes; é servir. Servir dentro do que fui chamado a fazer porque é isso que me trará a felicidade, que me trará utilidade e fará minha vida ser útil e ser pródiga.

Então que tenhamos a coragem de servir, a coragem de aguardar o tempo e o amadurecimento e não fazer da mediunidade ou do trabalho em si a alavanca de uma vaidade que terminará com a infelicidade e com a solidão, porque os outros irão e nós ficaremos olhando no próprio espelho nossa face envelhecida e ultrapassada. Então que possamos abraçar o trabalho. Abraçar com alegria, com devotamento e fazer de cada dia um caminho de felicidade independente se está nublado ou não, está de acordo com o que eu desejo ou não. Sirvamos, porque ao servir a felicidade será.

Graças a Deus.