Graças a Deus.
Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde em que se reúnem em nome de Jesus, em que se reúnem em nome da caridade.
Todo o trabalhador da seara de Jesus, tem o seu cumprimento que diz: Bendito e louvado seja o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e em reposta todos os cristãos respondem: Para sempre seja louvado, na identificação comum daqueles que professam uma mesma filosofia. Então que seja este o início do reconhecimento de todo o povo cristão, mas não nos iludamos e reconheçamos que nem todos que endossam a filosofia cristã, que fazem seus estudos e que se filiam à casas cristãs e que até recitam versículos e textos de leituras, efetivamente vivem na sua totalidade a bandeira cristã, porque endossar a bandeira do Cristo requer no ser humano uma revolução dentro de si. Requer uma reformulação de toda uma postura, de valores e de atitudes para que efetivamente seja, siga os passos que o Cristo trilhou.
Então muitas vezes em uma seara de sua vida é a pessoa envolta e suas atitudes revelam-se dentro do corolário da cristandade, mas em outro momento, em outra seara, em outros âmbitos a sua face pode ser a de alguém que busca o Cristo, mas ainda não efetivamente andou dentro de cada atitude necessária ao Cristo. Então vemos muitas vezes pessoas que dentro de casa são verdadeiros algozes, mas fora do âmbito familiar têm uma outra postura de amorosidade e colaboração, muitas vezes é ao contrário, porque esta pessoa ainda está se adequando à mentalidade Cristã e sabemos que é um exercício sem, contudo, deixarmos de observar que essa pessoa tenderá ao sofrimento. Porque a consciência só está tranquila com a quitação de seus débitos para consigo mesma, nem tanto para com o mundo, mas para consigo, com o alimentar dos seus valores que precisam estar em harmonia com aqueles valores da cristandade, da fraternidade, da justiça, da harmonia, da verdade, da fé que constrói obras e de tudo isso.
Então o ser humano exercita a cristandade em alguns âmbitos de sua vida e ainda precisa nascer dentro do Cristo em muitos outros, e muitas vezes o sofrimento advém dessa dicotomia, desse esfacelamento de sua mentalidade; às vezes de sua própria personalidade que precisa ser una para que possa ser coesa e ser coerente e ser saudável. Então precisamos ser uma pessoa em um ambiente e a mesma pessoa no outro ambiente para que haja uma linha, um ligamento, uma ordenação, uma coerência de atitudes entre uma pessoa e outra, porque são a mesma. Muitas vezes o sofrimento, os males estares mentais advém de eu querer ser alguém para o povo que me observa, mas alguém completamente diferente quando estou sozinho. E é por isso que precisamos entender que a verdadeira pessoa que sou se revela quando penso que ninguém está me observando.
Então que esta pessoa ali seja aquela que faz a união de todas as outras independente de quem seja. É por isso que dizemos que aceitemos as nossas sombras, porque elas não são merecedoras de serem extirpadas, pelo contrário, elas precisam ser reconhecidas para que possam funcionar como degraus da minha evolução, porque eu preciso fazer delas algo positivo, porque se aninham em mim, fazem parte de mim. Eu não posso negá-las, mas eu posso transformá-las em algo que faça bem para mim, porque o bem que eu faço ao outro é a mim que eu faço. A cada vez que estamos praticando a caridade, distribuindo energias salutares, aconselhando, estamos fazendo também para nós. É essa a importância de sabermos que isto não é nenhum egoísmo, mas é exercício de auto amor e de caridade para consigo mesmo. Então que possamos abraçar a bandeira do Cristo, mas sabendo o quão difícil é viver debaixo dessa bandeira de integridade, de justiça, de limpeza moral e intelectual e de gestos o tempo todo. Jesus foi único e nós nos espelhamos nele e buscamos a sua essência, mas essa essência adormece em nós e vamos lapidando como uma pedra bruta, pouco a pouco tirando as pesadas cascas, de lasca em lasca, até nos transformarmos na obra de arte que Deus sabe que adormece dentro de nós, mas não podemos fazer disso um caminho de sacrifício e de peso. Precisamos a leveza de Cristo para que consigamos levar tudo isto com mais maestria, com mais amor por nós, com dignidade e com paciência.
A evolução não dá saltos. Tenham paciência consigo mesmos e com o próximo, mas não se permitam estagnar nas reclamações. Precisamos fazer, até das reclamações, oportunidades de crescimento e de aprendizado. Cada dia a vida nos ensina algo e cada dia temos a chance de extirparmos de nós pequeninos pedacinhos de maldade e de mal-estar e nos prepararmos para um futuro melhor. Tudo serve de aprendizado, porque assim como um rim vai pouco a pouco agregando cristais que se transformam ao longo do tempo em pedras que precisam ser retiradas muitos vezes pelo tratamento cirúrgico, da mesma forma vamos semeando em nós pequenas atitudes, pequenos cristaizinhos que com o tempo se transformarão na obra de arte que precisamos ter. Então tudo serve de aprendizado, o mundo não nasceu pronto e o ser humano também não nasceu pronto; temos todo um caminho grandioso a seguir. Tenhamos paciência para conosco, paciência para com nosso semelhante, mas acima de tudo não confundindo a paciência com a falta de ação. Exemplificação, amorosidade, fraternidade, harmonia, são estágios que vamos trilhando a cada dia. Não temos a mínima pressa em vermos anjos dentro de cada um, já sabemos que existem, passa que as asas não abriram, mas só se abrirão quando estiverem prontas para voos altos que a experiência vos capacitou, a experiência de se reconhecer e de se permitir voar. O progresso nunca dará saltos e filhos precisarão andar cada dia com mais leveza ao longo das várias e sucessivas oportunidades de crescimento, tendo sempre Jesus como o seu farol, aquele a ser seguido e que ilumina o grande sendeiro a ir adiante. Jesus representa todas as virtudes em apenas uma personalidade. Esse é um caminho a ser seguido, mas não para ser vivenciado de maneira folclórica ou teatral. Não podemos fingir para nós mesmos. Jesus é um alvo a ser alcançado, mas aquilo que eu sou agora é o suficiente para que eu esteja bem comigo na medida em que me permito ser feliz, que eu me aceito e que eu me lavo diariamente no auto perdão, no trabalho e na caridade desinteressada.
Então que saibamos viver com Jesus na nossa meta, com Jesus dentro de nós, mas jamais nos paramentando de iluminados quando a luz ainda estar por vir. O coração, a mente que se abrem para Jesus abrem-se por dentro, não se abrem por fora. Jesus bate ao coração de cada ser humano a todo momento, mas a porta só se abre por dentro. Os gonzos se abrem para dentro, a tranca está por dentro e é a aceitação de tudo isso que permite que eu abra essa tranca e que permita que Jesus entre e a sua luz saneie tudo aquilo que está ali dentro, abençoe tudo aquilo que está ali dentro. Jesus não quer que eu me transforme alegoricamente, mas que ao pegar cada objeto dentro desse recinto chamado eu, que faça de cada um objeto sagrado seja ele o que for. Seja ele uma sombra, uma luz, um instrumento, um remorso, uma mágoa, tudo isso para Jesus servirá como oportunidade de refazimento de mim mesmo, ressignificando as minhas dores e as minhas duvidas e fazendo delas cada vez mais pequeninos cristais que montarão a obra de arte que serei no futuro, abençoando o caminho que eu trilhei com amor e com dignidade.
Graças a Deus.