Aqui estamos nós.
Impossível não tornar-se um pouco repetitivo nos conselhos que damos e nem tão pouco nos desejos que temos e nas expectativas em cima de cada um presente.
Desta forma, sublinharemos todas as orientações recebidas ao longo do nosso ano, lembrando a todos que este ano passamos pelo ano do acolhimento, mas ainda falta a muitos a exata noção desse acolhimento. Tanto o acolhido, quanto o acolhedor, vez por outra confundem esse acolhimento com a ação física do abraço e a completa inércia de impulsionar a pessoa à sua melhora. Esse (o abraço) é o embrião do acolhimento. Ele pode iniciar por ai, mas tal qual uma semente colocada em solo fraco com poucos nutrientes, brota qualquer coisa, mas não tem a sustentação para seguir adiante. Queremos dizer que não basta, não basta, abraçar, querer abraços. Sempre podemos dar um passo além e o passo além já lhes foi dito ao longo de todo esse trabalho, insuflar a pessoa à sua melhora e, com dignidade e com carinho caridoso, dizer: “Eu lhe entendo, mas pode ser diferente.” Porque todos estes movimentos requerem o movimento que vem de dentro, como também já foi vos dito, a porta abre por dentro.
E ai temos então, com esta consciência, a escolha de ficarmos somente sendo sugadores de abraços e enxugadores de lágrimas ou de começarmos realmente a desvencilhar das bengalas que vamos criando ao longo do tempo. Não existem coitados aqui dentro. Ninguém aqui é coitado. Passam por problemas sim. Passam por dificuldades financeiras, pelo medo do fim do dinheiro antes do final do mês, desejam uma vida mais cômoda, desejam crescer materialmente, esperam uma companhia, gostariam que a família se entendesse, que fossem entendidos, que houvesse harmonia. Tudo isto é visto pela espiritualidade.
Em uma passagem do Evangelho, Jesus curou a mão de um homem que a tinha completamente ressecada. Este homem lhe pediu ajuda, estendeu suas mãos e Jesus as curou, mas a história não para aí. Porque Jesus curou este homem? Pra demonstrar o seu poder? Porque estava previsto nas escrituras que Jesus realizaria milagres? Não! Não é só isso. As mãos desse homem foram curadas para que ele seguisse a sua vida dignamente trabalhando, que saísse da mendicância. E é isso que se faz com todos que batem às nossas portas e com cada um aqui dentro. Espera-se que saiam do eterno pedir e passem ao laborioso e transformador trabalho por si mesmo e pelo outro.
Portanto peçam! Batei e a porta se abrirá, mas a história não terminará aí porque se esperará que sigam atuando, que sigam crescendo, que sigam sendo quem precisam ser. É isto que se espera e, muitas vezes, se pede muita coisa. Muitas vezes esperamos que algo aconteça e nos imbuímos de uma tarefa e esperamos ansiosamente que as tarefas nos tragam os benefícios tão esperados e, mais uma vez, nos reportamos às passagens bíblicas, posto que estamos numa casa cristã, espera-se que usemos nossos ícones.
Moisés foi chamado pelo criador diante daquela sarça ardente para que convocasse o seu povo e os libertasse da escravidão do Egito e os levasse através do mar vermelho para a terra prometida de Canaã. E seguiram a nuvem de fumaça que apontava o caminho e houve muitos acontecimentos porque quem lidera precisa lidar com as insatisfações próprias e as de seus liderados que esperam dele feitos magníficos e transformadores das suas vidas. Moisés seguiu a tarefa que lhe foi consagrada, cometeu erros como todo ser humano, como qualquer médium, posto que era um. Atravessaram o mar vermelho, seguiram todas as suas instruções, mas nem todos chegaram à terra prometida. Todos que provaram do maná que veio do céu, morreram antes de chegar a Canaã e o próprio Moisés não entrou na terra prometida. Morreu às portas de Canaã.
Deus vos dá exatamente a missão que podem cumprir e vos coroa com aquilo que precisam para serem felizes. Espere do trabalho mediúnico este crescimento, este conhecimento, mas não espere da espiritualidade os louros que fantasiam que seja a grandeza do trabalho. Muitas coisas acontecerão, seguirão acontecendo, mas a fortaleza de vossa fé, de vosso caráter, vos dará o embasamento necessário para seguirem aproveitando a jornada sendo úteis, e ninguém disse o lado espiritual da trajetória do povo hebreu. Não entraram fisicamente na terra prometida porque sua visão é estreita dentro do mundo material, mas quem cumpriu a sua missão, que foi chamado à espiritualidade antes do que esperava ser a grande vitória, que terá acontecido com essas almas que se dedicaram e que laboraram por todo esse empenho? Nem sempre o que se espera é o melhor pra nós, mas aquilo que Deus nos traz com auxilio da espiritualidade de todos esses companheiros de jornada que fazem a vossa trajetória.
Pensem nisso.
Graças a Deus.