Boa tarde a todos os presentes.
Mais uma vez me apresento em nossa reunião de mesa na vestimenta que optei por utilizar nos trabalhos de nossa casa.
Há quem me veja ainda nos trajes de um monge, há quem me veja nos trajes do escravo de ganho que fui. Há quem me chame de Sr Altair, há quem me chame de Sr. Exu do Cheiro. Independente do nome que utilizem, aqui estou me apresentando para mais uma reunião.
A reunião de mesa é uma das mais difíceis de realização, obviamente pela sua falta de ritual que exige do médium a concentração e a sua capacidade de verbalização e de sintonia sem o uso facilitador do ritual e de todos os apetrechos. Afinal ser médium é ser um medianeiro e essa mediação independe de qualquer apetrecho. Apetrechos facilitam, mas quando se tornam dependente deles, bloqueiam a real identidade daqueles que buscam se apresentar através do médium para realizar o trabalho junto aos encarnados.
Somos reféns da imaginação, do medo e, muitas vezes, da vaidade do médium e é preciso que o médium desenvolva muita coragem e muita sinceridade para que possa fazer transparecer com o máximo de fidelidade a identidade e o pensamento verbalizado de quem se comunica.
Prefiro a sessão de mesa onde a verdade exige que seja vista e, em nome da verdade, sejamos sempre buscadores dessa que incomoda, que escandaliza, mas que cicatriza e que esclarece que é a verdade.
Sejam verdadeiros a todo momento. A coisa mais difícil é tentar se enganar. Podemos agir de maneira que mascaramos a nossa dor, a nossa alegria, a nossa postura, mas por dentro sabemos o que realmente sentimos e o que queremos. Nem sempre sabemos quem somos, essa é uma busca constante, mas o que sentimos e precisamos é dar nomes e vivenciar com verdade para que lidemos consigo mesmos com naturalidade.
É preciso que cada médium experimente o quão importante é ser verdadeiro para consigo mesmo. Não se mascarar de caboclo, de Pomba gira, de Orixá para dizer o que pensa. “Sou filho disto por isso ajo assim”, “minha vida é assim porque fulana me traz”; não! Aqui do mundo espiritual somos todos meros coadjuvantes de vossas vidas. Compartilhamos de vossa alegria, choramos com vossa tristeza, mas não nos é licito interferir em vosso livre arbítrio. Então assumam mais as suas verdades e as suas mentiras para que a vida se torne mais leve e mais objetiva.
Deixamos o tempo em que o médium é uma marionete na mão da espiritualidade e o médium hoje em dia é um condutor do próprio destino. Sopramos intuições e orientações, mas é o médium que deve realiza-las, dialogando consigo mesmo se realmente deseja seguir por este caminho. Independente do caminho que sigam, nós, enquanto mentores, estaremos ao vosso lado aplaudindo ou lamentando, mas jamais interferindo em vosso livre arbítrio, pois seria interferir em vosso crescimento. O progresso é uma colheita que se faz do próprio plantio, ninguém colhe na plantação alheia. Ninguém colhe frutos da evolução do seu mentor, ninguém colhe luz do próprio Orixá que tem, mas cada um busca e faz a sua própria luz e colhe dos próprios frutos que semeia.
Responsabilidade e verdade é o que desejo a todos aqueles que pedem permissão ao adentrar nosso ambiente e proteção ao dele sair.
Venho nessa tarde para pedir que sejam verdadeiros e aí sim, encontrarão todas as respostas que tanto buscam.
Graças a Deus.