Graças a Deus.
Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde em que se reúnem em nome de Jesus, para mais uma prática mediúnica dentro do nosso ritual de terreiro.
Disse Jesus que a cada vez que duas ou mais pessoas se reunissem em seu nome que ele estaria presente e aqui estamos nós, tal qual todo o povo cristão antigo que se reunia anonimamente nas catacumbas honrando a palavra daquele que passou por eles deixando mensagens de fraternidade, de crescimento. Estamos nós seguindo este mesmo exemplo, na expectativa de que Jesus se faça presente não fisicamente, mas em sua essência de amor e caridade, inspirando os presentes a seguirem os seus passos, porque Jesus passou pelo mundo, viveu sua vida, passou pelo seu martírio, deixou sua mensagem, seu legado e seu ensinamento.
O homem que se diz cristão precisa seguir os passos de Jesus, não tentando viver a sua vida, porque cada um vive a sua. Cada um tem a sua cruz, cada um tem o seu peso e a sua luz. Honremos muito mais a nossa luz do que a nossa dor, porque o ser humano é viciado na dor e se apega no sacrifício de Jesus na expectativa de que ele o salve, esquecendo-se de que é o seu próprio sacrifício, é a sua própria dor, que o ensina a como ser melhor, a se modificar e encontrar em si a força; e nos outros o exemplo para seguir a diante. Jesus é o exemplo, é o caminho, mas cada um que viva a sua trajetória pautada nas experiências e nos ensinamentos do maior homem que passou entre vós no mundo Terra.
Sejamos cristãos buscando viver a essência do amor fraterno que Jesus deixou, seus ensinamentos de perdão, de caridade, mas entendamos que ninguém se isentará daquilo que precisa passar para o seu próprio aperfeiçoamento, porque o que se vive no mundo Terra são exercícios de construção de vosso caráter moldando a vossa consciência para melhora interior de cada um.
É impossível passar pelo mundo Terra, pela encarnação, sem sofrer todas as provações que o ser humano precisa passar, porque está alinhado com o mundo Terra, com sua materialidade, com sua animalidade, com a sua violência para que possa, passando por tudo isso, perceber a dualidade que vive e optar pelo caminho da angelitude para que possa se libertar gradativamente.
São exercícios diários de construção de si, mas entendamos que é uma construção, que é gradativamente porque ninguém nasce pronto, todos vamos nos formando na grande escola que é a vida a cada dia, a cada experiência que se vive de dor ou de alegria porque se aprende em ambas as experiências.
Numa pequena semente habita uma árvore, essa pequena semente precisa ser lançada ao solo, precisa rasgar-se, abrir-se, lançar raízes ao solo, o caule ao sol e tudo isso demanda esforço e aprendizado. E vem o frio e vem a geada e vêm as pragas e vem a poda, mas ela se fortalece, cresce e torna-se produtiva e dá frutos. Da mesma forma a pequena joia que ornamenta vosso vestuário não nasceu pronta, veio bruta da natureza e coube ao ourives, ao lapidador, moldando e passando por todo um processo que lhe extrai a beleza para que possa ornamentar as joias que o ser humano utiliza. O diamante na joia não nasceu pronto; da mesma forma é o ser humano, este tem em si tudo aquilo que é belo e Deus habita em cada um, mas para Deus florescer dentro de cada ser humano ele mesmo precisa lapidar-se, burilar-se, aprender a ver e a sentir a divindade dentro de si para que possa transparecer em seus atos, em seu olhar, em sua fala e em sua vida a presença de Deus. Isso se dá com o aprendizado constante da vida. Quando aprendemos a não lamentar, deixar de lado a reclamação, abraçar o trabalho, abraçar a caridade e ai sim, vamos gradativamente deixando pelos caminhos as cascas pesadas da animalidade, dos vícios do ócio e vamos abraçando vestimentas mais sutis de pensamentos e mente moldados por valores que enobrecem a mente.
Então que saiamos de apontar o erro do outro, olhemos mais para si. Tenhamos mais amor próprio para que possamos, se amando, seguir adiante para distribuir aos outros o amor que acumulamos em nós. E vamos exercitando sem cobrança excessiva, sem nos apegar a dor, dando muitas vezes desculpas de nosso atraso por conta do desconhecimento que precisa ser passageiro. Desconhecemos hoje, aprendemos amanhã, exercitamos no futuro e assim vamos sendo cooperadores de Deus na estruturação da mudança, da harmonia de vosso orbe que anseia por mentes que o eleve na ascensão dos mundos e possa abrigar criaturas pacíficas, como assim disse Jesus que “os mansos herdarão a Terra[1]”.
Sejamos então construtores de um mundo novo, de mentes novas, de egos mais limpos e isentos de culpa e de dor e de mágoas. Sejamos aprendizes eternos, mas sem com isso desfraldarmos a desculpa do nada fazer.
Graças a Deus.
[1] Mateus 5:5