Oferecer presentes, aos deuses, não é privilégio de nossa religiosidade.  Todo ser humano que se vincula a uma divindade faz suas oferendas mesmo que seja a própria vida, mesmo que seja uma oração, todo ser que se comunica com uma divindade, alguém que ele crê superior em algum momento oferece, em algum momento dá, na expectativa de ser agraciado pela simples gratidão, mas é comum a pratica ofertória.

A divindade vê isso com carinho, a espiritualidade vê isso com respeito de acordo com o entendimento que cada um oferece, aquilo que crê o melhor para ser oferecido a alguém importante. Oferendas deveriam ser exatamente isso: algo de melhor que temos pra oferecer. Passa que ao oferecermos também damos um pouco de nós, porque tudo que tocamos, tudo que fazemos, acaba tendo a nossa marca, a nossa identidade energética. É para isso que serve o incenso, que sua fumaça leve, leve porque não pesa, leve ao alto as nossas preces para que agradem aos deuses. Que seu perfume seja agradável que a nossa oferenda satisfaça a divindade. Mensageiro que é de nossas preces o incenso e sua fumaça fazem esta comunicação, mas ele leva exatamente aquilo que temos pra dar. Então que em nossas oferendas saibamos colocar o melhor do nosso tempo, o melhor de nós.  Não adianta praticarmos somente um ritual, precisamos estar dispostos a fazer um ofertório assim como precisamos estar dispostos a aqui estarmos para que o tempo da oferenda e o tempo do trabalho sejam um só, uma coisa única, de comunicação perene com a espiritualidade, com a divindade e conosco. 

A prece do ansioso revela a sua ansiedade, a prece do grato revela a sua gratidão, a prece de quem está irado reflete a sua ira, a prece do que está magoado reflete a sua mágoa. Que preces meus filhos estão entoando para a divindade? Porque pela lei da sintonia a resposta virá, em resposta ao que enviamos ao universo. É responsabilidade do oferecedor, se este quer bem aventuranças, que se sintonize com a bem aventurança para seguir o protocolo natural ou estaremos o tempo inteiro repetindo oferendas e tendo de volta aquilo que não desejamos, mas a justa sintonia com aquilo que somos.

A reforma interior, ela precisa começar exatamente no interior. O uniforme bem passado, engomado, muitas vezes mascara um turbilhão de emoções. O que mostra o que realmente sois é o quão arrumada e limpa vossa casa é, vossas gavetas, vosso mundo interior. Tudo aquilo que fazeis quando ninguém está olhando, ali está a vossa real identidade.

Ofereçam, mas arrumem a casa, interna e externa e toda uma revolução acontecerá a vossa volta. Agradeçam pela casa que tem, melhorem a casa que têm, porque a gratidão traz consigo a vontade de melhora. Não confundam o que recebem com o que merecem, busquem a melhora. Saibam que ela se dá gradativamente não na pressa que o ser humano encarnado tem, mas no tempo necessário do seu esforço e do seu amadurecimento, porque quando dizemos cada um tem seu tempo, cada um amadurece no seu tempo estamos dando ao ocioso mais tempo para o ócio. Amadureçam se esforçando para amadurecer, sem pressa mas façam movimento do amadurecimento para se fazerem merecedores das graças que pedem e realmente elas aconteçam.

Axé.