Deusa da espada flamejante, Iansan é o orixá dos raios, dos ciclones, dos furacões, tufões, dos vendavais e das águas que se agitam. Iansan é a senhora das nuvens de chumbo, senhora do mundo, é ela quem comanda os ventos. O estrondo do trovão anuncia a chegada de Iansan, a dona da tempestade. Sentimos sua presença nos ventos fortes, nos deslocamentos de objetos sem vida. Ela é o vento, a brisa que alivia o calor, é o próprio calor, é o fogo, a devastação pelas chamas, a quentura, o abafamento, é o tremular dos panos, das árvores, dos cabelos.
A tempestade é o poder manifesto de Iansan, a rainha das ventanias, do tempo que fecha quando vai chover.
Orixá do fogo, guerreira e poderosa divide com Obá o domínio sobre a eletricidade. Iansan é o choque elétrico, a energia que gera o funcionamento de rádios, televisões, máquinas e outros aparelhos. Iansan é energia viva, pulsante, vibrante. Tudo o que lembra fogo está relacionado à Iansan, seja pela cor, seja pelo movimento, pela aparência ou pelo gosto. O vermelho vivo do azeite de dendê, as pimentas, o raio no meio da tempestade, o vento na copa das árvores, o comportamento agressivo, os rompantes de cólera. Assim é Iansan, a mulher que engole fogo.
Oyá, este é o nome original de Iansan, é lembrada como a senhora dos nove partos. O número nove é parte integrante de seu nome e aparece em várias passagens de sua história. O rio Níger, que corre em terras nigerianas é a ela consagrado e possui nove afluentes, nove são as camadas atmosféricas regência absoluta de Iansan. Houve um tempo em que Oyá não conseguia ter filhos, isso acontecia porque ela não sabia que a carne de cabra devia ser seu alimento e não a carne de carneiro. Após a consulta ao oráculo, este revelou o seu tabu alimentar, recomendou uma oferenda e a suspensão do regime a base de carne de carneiro. Como resultado, Oyá tornou-se mãe de nove crianças e passou a ser chamada de Iyá omo mésan, ou seja: mãe de nove crianças e da contração esta expressão surgiu o nome como qual é conhecida no Brasil: Iansan.
Iansan se encanta na união de elementos contraditórios, pois nasce da água e do fogo, da tempestade, de um raio que corta o céu no meio da chuva. Seu domínio sobre os raios e sobre o fogo, a fazem a companheira ideal de Xangô. Antes de se tornar esposa de Xangô, Iansan percorreu vários reinos usando de sua astúcia e sedução.
Foi paixão de Ogum, de Oxaguian, de Exu, conviveu com Omulú e seduziu Oxossi.
Em Irê, terra de Ogum, aprendeu com ele o manuseio da espada e ganhou dele o direito de usá-la. Em Oxogbô, aprendeu o uso do escudo para se proteger de ataques inimigos e recebeu de Oxaguian o direito de usá-lo. Pelas estradas deparou-se com Exu e aprendeu com ele os mistérios do fogo e da magia. No reino de Oxossi, seduziu o deus da caça que a ensinou sua arte e de Omulu recebeu o domínio sobre os espíritos desencarnados. Mas, ao chegar no reino do deus do trovão, Iansan aprendeu muito mais … aprendeu a amar verdadeiramente pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu a ela seu coração. Guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu. A batalha do dia a dia é a sua felicidade. Acorda com a espada em punho, pronta para a batalha, pronta para o batente. Sabe conquistar, seja no fervor das guerras seja na arte do amor. Mostra seu amor e sua alegria contagiantes na mesma proporção que exterioriza sua raiva.
Desta forma, passou a se identificar muito mais com todas as atividades relacionadas ao homem, aquelas que são desenvolvidas fora do lar, portanto não aprecia os afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional. Iansan é a mulher que acorda de manhã, beija seus filhos e sai em busca do sustento. O fato de estar relacionada a funções tipicamente masculinas não a afasta das características próprias da mulher sensual, fogosa e ardente. Iansan é a mulher em sua plenitude, plena força, plena sensualidade. Entretanto, mesmo sendo a mulher provocante, não perde sua individualidade por causa das paixões. Ela é o ícone da independência feminina, é a mulher que quer um homem ao lado para lhe dar prazer pois seu dinheiro é fruto de seu trabalho. O compromisso de Iansan é com seus ideais e objetivos e não com um homem. Prefere manter sua independência pois isso lhe permite mandar o companheiro embora no dia em que se cansar dele ou quando ele disser uma palavra invertida que a desagrade. Esta é Iansan, dona do seu corpo e de sua vida.
Iansan é o desejo, a provocação, aquela que cria o desejo de possuir, é o desejo sexual. É a volúpia, o clímax, o orgasmo do homem e da mulher. Ela é o desejo incontido, o sentimento mais forte que a razão. A frase “estou apaixonado” tem a presença e a regência de Iansan, que é o orixá que faz nossos corações baterem com mais força e cria em nossas mentes os sentimentos mais rofundos, abusados e ousados. Iansan é a disputa pelo ser amado. É a falta de medo das conseqüências de um ato impensado, no campo amoroso. Iansan rege o amor forte, violento.
Iansan, o orixá dos ventos é quem leva o último suspiro dos moribundos. É a senhora dos eguns (espíritos dos mortos), guia dos espíritos desencarnados, senhora dos cemitérios. Iansan é a única que os mortos respeitam, aquela que penetra e sai ilesa da casa da morte. É ela quem serve de guia para o espírito que se desprendeu do corpo. Ela atemoriza os vivos e faz gelar os mortos. Iansan caminha livremente por todos os mundos, é a rainha e senhora absoluta dos nove espaços do Orun (céu).
O mundo dos vivos e o mundo dos mortos, o mundo dos deuses e o dos homens, todos os mundos pertencem à Iansan, Suas vestes de fogo exprimem seu poder. Ela não tem medo, não se abala diante da guerra, nem da morte. Iansan ousou entrar no país da morte e saiu viva. Doravante, com autoridade de rainha comanda a legião dos eguns, que segue e obedece Oyá – guardiã dos mistérios da morte e do renascimento no mundo dos ancestrais. Quando Iansan entra em uma briga, é para matar ou sair morta. Ela não tem medo de nada, enfrenta qualquer um, vence qualquer desafio. Oyá é a mulher que sai em busca do sustento; aquela que quer um homem para amá-la e não para sustentá-la. Desperta pronta para a guerra, para a sua lida no dia-a-dia, não tem medo do batente, luta e vence.
Quem procura Oyá no vaivém do mercado
Vai e vê que ela anda de quitanda em quitanda
Mascando nacos de obi e vibrando em vermelho.
Ilumina o céu,
Na tarde escura, ressoa seu assovio terrível
Vento da morte na tarde de chuva,
Vento que destelha a casa do traidor,
Que deixa a chuva inundar a cidade, que destrói, que mata
Ilumina o céu na tarde escura
Brisa benfazeja que afasta as nuvens negras
Vento da vida na tarde de sol.
Vento que afasta a escuridão
Que devolve a luz do dia
Que encanta, que brilha.
Oyá, leopardo que come pimenta crua.
Mulher de vestes vistosas.
Cabaça rara diante do marido
Epahei!
O que Xangô disser, Oyá saberá.
Ela entende o que Xangô nem chegou a falar
E o que ele quiser dizer, Oyá dirá
Epahei!
Oyá árvores desarvora
Adeus morte.
Minha mãe da roupa de fogo.
Nada de mentiras para ti
Nada de mentiras para ti
As marcas na tua pele calam o feiticeiro
Oyá ó! Mulher neblina no ar
Oyá, leopardo que come pimenta crua
Grande mãe.
Iyá ó.
Beleza preta no ventre do vento
Dona do vento que desgrenha as brenhas
Dona do vento que despenteia os campos
Dona da minha cabeça
Amor de Xangô
Duzentas e uma esposas o seu amado domina
Oyá é a favorita
Um dia de guerra bastou para sua glória
Orixá que abraçou seu amor terra adentro
Floresta escura, escuridão escura
Escura escuridão que nos devora
Vento da morte
Oyá, teus inimigos te viram
E espavoridos fugiram
Epahei, Oyá ó!
Temo somente a ti, vento da morte
Guerreira que carrega arma de fogo
Ela apanha seus pertences num segundo
Num segundo – rápido – ela se arruma
Parte com porte de cavalo no trote
Epa, Oyá dos nove partos, eu te saúdo.
Epahei Iansan, epahei Oyá!
Outros Orixás
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