Mensagem do Caboclo Sete Flechas em sessão de Boiadeiros do dia 10 de Junho de 2017.
Graças a Deus, que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês nesta tarde.
Todos reunidos na busca de vossa sintonia espiritual através da mediunidade. Todos aqui imbuídos de boa vontade, posto que aqui chegaram com suas próprias pernas e braços e que aqui estão de acordo com seu livre arbítrio, com a liberdade do ir e do vir. Então, a partir do momento que optaram por aqui estar, que possam fazer com que seja proveitosa a tarde colocando-se disponíveis para o momento presente. Abrindo o coração e a mente para tudo que aqui está vos sendo oferecido não só na forma da visão material que muita vezes agrada aos olhos pelo ritual, pela simplicidade, mas também procurem sintonizar-se com o mais além, com o que vos diz aos sentidos, com o que vos diz ao coração, porque as comunicações no mundo de vocês se dão não somente pela verbalização ou pela escrita, mas principalmente pela emoção que carrega toda forma de comunicação. A entonação da voz, a postura do corpo, também a postura da alma em querer fazer algo que funcione e seja bom é que dá o combustível para que aquilo seja bom. Por isso muitas vezes vivenciamos momentos com tamanha intensidade, enquanto a outras pessoas pouco lhes diz. É a abertura da criatura, àquilo que lhe é oferecido que lhe dá o sentido, que lhe dá a vivencia, que lhe dá o próprio aprendizado. Então que seja assim em vossa vida; que seja assim neste momento, estando abertos para aquilo que está à vossa frente, seja na parte material, seja através da vossa sensibilidade, porque é a emoção o veiculo pelo qual os filhos entram em sintonia com a espiritualidade.
Os espíritos no mundo espiritual, libertos da carne, identificam-se pela sintonia que fazem, pela emoção que despertam ou por aquilo que trazem em si. É isso que vos dá o colorido da alma, é isso que vos dá todo acompanhamento das vibrações à vossa volta. Emoção é a pré-disposição a alguma coisa. Pois então que todos aqui aproveitem este momento para fazer dessa tarde algo de bom e que possa trazer repercussões positivas em vossas vidas. Porque as ações que filhos têm, trazem sempre um retorno.
Tal qual estivessem à beira de um lago atirando pedras no espelho d’água tão somente por diversão, verificariam que as pedras pequeninas ao serem jogadas produzem pequenas ondas circulares em sua volta; as pedras um pouco maiores fazem ondas circulares um pouco maiores. E assim é de acordo com o peso dessa pedra o efeito que ela terá na superfície da água; será mais intenso ou menos intenso, dependendo da intensidade do peso da pedra, mas sempre fará um efeito e as ondas sempre se espalharão mesmo que se tornem imperceptíveis na medida em que alcancem as bordas do lago, porque esse é o efeito natural a todo esse movimento que a pedra faz no próprio lago.
Assim são as ações dos filhos em suas vidas. Independente de qual ação seja: Neutra, boa ou ruim, sempre trarão efeitos que serão mais tardios ou menos tardios dependendo da intensidade destas mesmas ações. Então é necessário, com isso, alargarmos a noção do próprio tempo de vida, porque filhos estão acostumados a limitarem vossa vida entre o berço e entre o túmulo; quando filhos que cultuam a espiritualidade sabem que o berço e o tumulo demarcam o período de uma existência, mas que se estende muito além desses limites. Muitas vezes ações feitas antes do berço chegam até vocês durante esta estadia na carne e filhos se perguntam: “Mas porque eu?” “Mas o que eu fiz?” Independente de suas dúvidas, chegou a vocês algo que vos pertence, porque só chega a vocês aquilo que vos pertence.
É hora de termos a noção de que todo desequilíbrio é o afastamento daquilo que é correto, todo sofrimento, toda enfermidade, tudo isso só vos traz a lembrança de que algo foi feito de maneira incorreta e seus reflexos se fazem nesse momento. Da mesma forma é com as coisas boas, porque Deus não é um Deus de tristeza, de perdas e de enfermidade. Tudo aquilo que filhos fazem de bom ou de ruim, retorna ao seu tempo à cada um. Então filhos lembram de reclamar de Deus no sofrimento, mas pouco lembram de agradecer a Deus pelas coisas boas que chegam inesperadamente.
Então são as ações que se pratica que trazem o retorno à vossas vidas e não necessariamente um castigo divino, uma cobrança do santo, uma injustiça da vida, não! Todos os acontecimentos de vossas vidas vos trazem sempre retornos necessários, porque são condizentes com ações feitas em um passado próximo ou remoto. Independente da distância no tempo, aquilo que vos acontece sempre vos pertencerá. Cabe a vocês de maneira inteligente e equilibrada, saberem lidar com a dor, e sempre buscarem saber que parte boa de vocês se fortalece com o ocorrido.
Então não culpemos a Deus, não culpemos ao vizinho, ao marido, aos filhos, aos governantes, por coisas que nos pertencem. Existem carmas que são coletivos porque pertencem a um grupo de espíritos com um carma comum e existem carmas individuais. É importante percebermos que tudo é carma, tudo é ação na vida do homem. Então não adianta mais correrem para Deus pedindo um maleme[1] que só terão com a reformulação interior, com a aceitação de tudo aquilo que tem que ser aceito para que a vida possa fluir. Deus não isenta o culpado de suas culpas, porque a sua própria consciência o cobra, porque Deus é também parte de nossa consciência, a nossa ligação com o que é justo e bom. Então não façamos mais conchavos inúteis com o mundo espiritual na busca de uma isenção de dores, que são na verdade o cinzel que talha a obra de arte. Então aceitemos a dor, a enfermidade, a perda, porque na vida de vocês, enquanto na matéria, tudo será passageiro porque pertence à matéria. Ao passo que aquilo que o espírito acumula isso sim filhos carregarão consigo.
Então aproveitem o que a matéria tem de bom; o conforto e tudo o que ela promove, mas utilizem isso como oportunidade de crescimento e angariem a fé sadia, a fé que alimenta a fé que educa. Passemos à lida com o mundo espiritual e tudo aquilo que vos fortalece: O que espera um Orixá de seu filho é que seja uma pessoa do bem, uma pessoa boa, uma pessoa centrada na prática do bem. Fazer não só para si, mas também ao próximo através do bem que faça a si. Buscar a felicidade, não abraçar a dor. A dor sim existe, mas é o sofrimento que vos aprisiona. Libertem-se do sofrimento e aceitem tudo aquilo que vem dentro da vossa capacidade de vivência e de intensidade e façam disso a melhora de si.
A vida do outro é boa para o outro, a vida de cada um é boa para cada um. Então que busquemos viver a nossa vida, que busquemos fazer da religiosidade algo sadio. Não aos conchavos inúteis de isenção de mazelas e de dores. Das enfermidades materiais cuidam os médicos da Terra, das enfermidades espirituais cuidam os templos religiosos de acordo com as afinidades. Não confundamos as estações porque se não caímos na insatisfação eterna, buscando templos e mais templos na busca de uma certeza e de uma felicidade que não habita neles, mas que necessita ser despertada em nós. O insatisfeito carrega a sua insatisfação onde quer que vá e culpa aos outros por aquilo que ele não tem. Então é importante agradecermos por aquilo que temos, buscarmos a felicidade dentro de nós e levarmos o bem estar e a felicidade onde estivermos.
Graças a Deus.
[1] Perdão, piedade