Mensagem do caboclo Sete Flechas em sessão de Boiadeiros do dia 27 de Janeiro de 2018.
Graças a Deus.
Que toda essa paz presente encontre ninho em vossos corações.
Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo, descida não só do alto como também trazida por aqueles que portam a paz em si, seja uma mescla saudável.
Que todos aqueles sensíveis a tudo isso, dispostos a melhora, absorvam e carreguem consigo o que de bom conseguirem. É importante sabermos chegar aos ambientes trazendo o que temos de bom e, ao nos afastarmos, levar o que de bom encontramos sem com isso estarmos roubando nem a paz, nem a energia de ninguém, tão somente porque soubemos aproveitar o tempo que vivemos e fizemos dele um tempo bom, um tempo de qualidade, um tempo útil no qual pessoas se encontraram, produziram algo e seguiram cada um com suas vidas sem qualquer necessidade de vínculos as prendam; tão somente por uma obrigação ou por uma necessidade ou por uma carência.
É importante que saibamos viver cada momento com a intensidade e com a clareza que ele tem. Muitas vezes, queremos perpetuar momentos ou levá-los para sempre conosco em um apego excessivo ao passado não permitindo que o tempo flua, mas é importante percebermos que o tempo tem o seu próprio caminho, tem o seu próprio tempo, tem a sua própria existência e o que devemos fazer é viver no tempo em que vivemos neste momento, porque se trazemos a todo momento o passado para o nosso presente, trazemos também os remorsos, trazemos também a nostalgia e tudo aquilo que faz o coração enfermo. Tudo isso porque não soubemos agradecer suficientemente ou verdadeiramente o tempo bom que vivemos, ou o tempo que nos trouxe aprendizado, porque quando retemos o tempo por alguma emoção doentia ou saudável, a maneira como prendemos esse tempo em nós pode se tornar uma prisão.
Então a melhor maneira que temos a viver com o tempo e com os momentos é com agradecimento. Permitir que o tempo se vá, as pessoas também se vão e assim vamos espalhando os benefícios que adquirimos com os aprendizados que vamos tendo com o tempo que vamos vivendo.
Da mesma forma quando ansiamos pelo futuro por conta da nossa insatisfação com o presente, nosso excesso de dúvidas nos traz a ansiedade, nos traz todo problema de pele, de úlceras, de insônias, porque não estamos aceitando o momento presente. Se é um momento bom, aproveitem enquanto dure para que sirva como alicerce de vossa felicidade. Se é um tempo desagradável, descubram o que estão aprendendo para que possam fazer com que esse tempo seja válido. Porque se estamos a todo momento ansiando um tempo futuro, de qualquer forma o tempo chegará e o tempo passará, mas estamos querendo que o tempo de agora passe rápido e é um tempo que necessitamos viver, como o tempo não volta, como o tempo não é reversível estamos desperdiçando minutos preciosos de oportunidades de evolução, de aprendizado e de existência sadia. Então que o tempo seja o tempo que for, que estejamos com Deus para que possamos fazer o tempo ser válido e abençoado.
Tal qual São Paulo em sua conversão no dia 25 de janeiro, na qual passou de perseguidor a defensor do próprio Jesus Cristo, todos os seres humanos têm condições de modificarem-se, de observarem a vida com outros olhos. Nem que para isto seja necessário perdermos a visão temporariamente para que alguém em sua milagrosa existência nos abra os olhos e nos faça ver a vida como ela precisa ser vivenciada. Então que saibamos aplaudir todos os tempos que vivemos, que saibamos observar o nosso vizinho sem comparar a nossa vida excessivamente com a dele, porque isso também traz insatisfação. O filho do vizinho é sempre o mais educado, é sempre o que tem melhores chances de crescimento; é o filho do vizinho que consegue ter o melhor emprego, é o marido da vizinha que é mais carinhoso, é o jardim do vizinho que floresce mais, é sempre o outro parente que teve sorte na vida. A nós só cabe a reclamação, porque estamos sempre comparando-nos com os outros, quando precisamos nos comparar com nós mesmos. A partir do momento que comparo o meu ego de hoje com o meu ego de ontem eu posso entender onde posso melhorar.
Que eu possa competir tão somente comigo mesmo. Que eu possa hoje, ser melhor do que fui ontem. Que eu possa amanhã, ser melhor do que estou sendo hoje. E com isso coloque em minha vida metas, objetivos e qualidade, porque só me melhorando é que eu melhoro também o que está ao meu redor. Porque se reclamo que só estou em meio de pessoas invejosas, reclamando que todos falam mal disso, que fazem aquilo. Se a lei da sintonia coloca os iguais sempre próximos então quem sou eu em meio a tantos falsos e mentirosos?
Então que possamos observar mais a nós e buscarmos a melhora intima o quanto antes porque o próprio tempo não espera por ninguém.
Que saibamos aproveitar cada um desses minutos, agradecer e sermos felizes.
Graças a Deus.
Mensagem do Boiadeiro da Campina em final de sessão de Boiadeiros do dia 27 de Janeiro de 2018.
Graças a Deus.
Chegamos ao final desta nossa primeira reunião de Boiadeiros deste ano. Que filhos tenham a partir dessa segunda reunião do ano a consciência e a certeza do que é uma Marumba. O que significa a saudação do seu boiadeiro: Xetro Marumba Xetro? A Marumba[i] é um artefato, uma espécie de jangada, usada nos locais do interior onde há enchentes nas aldeias vizinhas aos rios e os boiadeiros montam a Marumba e catam as coisas que não se podem perder, acomodam o gado e os outros animais e tudo aquilo que possa se perder nas enchentes.
Então dizemos ao senhor Boiadeiro: Xetro, Marumba xetro, para colocar tudo que possa se perder na Marumba, para que passada a tempestade volta-se à vida normal. Então que filhos possam nas enchentes da vida terem essa certeza de que as coisas que precisam ser salvas, se salvem. Não permitam que as emoções descontroladas saiam destruindo tudo. As palavras tudo aquilo que o amor construiu, tudo aquilo que vos for caro, as pessoas, as coisas que trazem valor. Que filhos então tenham suas marumbas, mas guardem nas marumbas aquilo que realmente for verdadeiramente caro a vocês e que traga estrutura e base à vossas vidas. Não guardem aquilo que vos traz a dor e que vos traz desassossego; as lembranças ruins, os sentimentos negativos, tudo aquilo que vos faz mal, permitam que as enchentes levem, porque cada vez que uma enchente leva e a enxurrada passa, traz consigo a lama, mas a lama é cheia de adubo, cheia de vitalidade para que a terra se vivifique e brotem as coisas novas na vida de vocês.
Que tudo isso filhos levem consigo, aproveitem, não maldigam o tempo, nem o excesso de sol, nem o excesso de chuva. Agradeçam por tudo. Saibam utilizar a vossa inteligência e o vosso tempo a favor de vocês. Dia de muito é véspera de pouco, pois então acumulem o que é necessário hoje para na hora da precisão terem o que colher e o que doar de bom de si para os outros.
Graças a Deus.
[i] Marumba ou Maromba. Maromba também pode significar uma manada de bois.