Mensagem do Sr Exu do Cheiro em sessão de Descarga do dia 03 de outubro de 2015.
Após mostrar que haviam esquecido a imagem de São Damião fora do lugar começou sua mensagem.
Existem enganos que pouca diferença fazem no cômputo geral de qualquer trabalho, mas são os pequenos detalhes que diferenciam um trabalho feito com cuidado. Uma imagem fora do lugar não é um pecado, mesmo porque só se engana quem está em atividade, quem trabalha e pecado seria a espiritualidade reprovar qualquer trabalho feito com dignidade.
Usamos estes artifícios e exemplos apenas para sublinhar o que nosso comandante acabou de dizer: Tudo tende ao belo e à perfeição. Não podemos nos acostumar com o que não está certo. Nem sempre o que não está certo é um pecado, mas o que não está certo não está certo. (dirigindo-se ao pai pequeno) Foi por isto que o moço esqueceu; o moço não esqueceu, o moço foi induzido a esquecer para que eu pudesse ter base para falar, para que fizesse sentido, para que vos diga: não aceitem o que é pouco, não aceitem o que não satisfaz, mas não façam disto a posição de crianças mimadas.
A insatisfação existe, mas conviver com ela traz doenças (físicas, emocionais e espirituais) no coração, porque se acostuma com o que é pouco, com o que é medíocre, com o que não satisfaz; e se pensa “Não está bom?… vamos levando.”; “Não me entende?… É assim mesmo.” ; “Ah não quer? … tudo bem.” ; “Ah não pude? … que pena.” E assim vai se levando uma vida inteira evitando a felicidade, mas nos esquecemos de que o ser humano nasceu para ser feliz. O ser humano não nasceu para sofrer, o ser humano não nasceu para engolir sapos, o ser humano não nasceu para “ir levando” carregando pesos que podem não ser seus. Se Deus fez o homem à sua imagem e semelhança; que semelhança temos com Deus quando estamos infelizes?
Devemos sim ter aceitação. A aceitação momentânea é sinal de amadurecimento, mas o programa de Deus para suas criações não prevê a insatisfação eterna. Devemos buscar sempre o que nos faz bem, mas o que nos faz bem não é a simples satisfação de nossos desejos. O que nos faz bem é a certeza daquilo que somos e não daquilo que queremos. O que nos faz bem é a consciência da utilidade que temos. Quando não se aceita o que é pouco, é porque sabemos o que é pouco e sabemos o que queremos e assim buscamos.
A insatisfação vem do não conhecimento que temos de nós. A insatisfação muitas vezes é difusa, tem-se uma insatisfação, mas não se sabe por quê. Quando exercitamos nosso livre arbítrio e nossa vontade, nos damos a oportunidade de experimentarmos o que nos faz bem e o que não nos faz; é por isto que o simples aceitar não é saudável. É uma sensibilidade que se desenvolve, um exercício que se faz no qual ora ultrapassamos limites; o outro nos coloca de volta em nosso limite; ora nos colocamos o outro em seu limite até encontrarmos a posição correta, mas só fazemos isto quando exercitamos.
Por isto disse nosso comandante que ser umbandista não é para os fracos; e não é mesmo. Por isto que disse a velha Maria Redonda “O umbandista que não sabe perdoar não é umbandista ainda.” Ele pode praticar a Umbanda, transitar por ela, mas somente quando exercita o auto perdão, o autoconhecimento, a sua vontade é que percebe que não é se isolando dos outros e fechando-se em si que crescerá.
O amaci exige um resguardo: abstinência sexual, abstinência de carnes vermelhas, abstinência de álcool, do lazer ao qual estão acostumados. Não como uma exigência da divindade; é um ritual de privação, é um ritual de jejum, é um ritual que impõe limites e que fortalece a vontade para que possamos exercitar a obediência, exercitar a responsabilidade. Muitos resguardos são e serão quebrados, mas tenham a consciência de que foi um tempo desperdiçado.
Rituais de privação exercitam a vontade, valorizam as sensações que a carne dá. Estar encarnado é estar exposto a todas estas sensações maravilhosas que o mundo Terra dá, mas afastar-se um pouco delas fortalece o espírito. É esta a função do jejum e do resguardo.
Complementando e relembrando o que disse nosso comandante; sejam parceiros, companheiros não só deste que guarda e comanda vossa porteira, colocando-se à disposição da guarda de nosso ambiente, se fazendo disponíveis para o trabalho e também para a manutenção do ambiente saudável.
Não se sintam órfãos; Molambo vira. Venho me fazer presente para os que me chamam, muitas vezes insistentemente e porque sempre que se manipula amaci, comandantes se fazem presente.
Exu laro, Exu mo ju ba.