Mensagem do Caboclo Sete Flechas em sessão de Pretos Velhos dia 07 de outubro de 2017.
Graças a Deus. Que a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos nesta tarde.
Que estejamos imersos na glória deste momento no qual os filhos, voluntariamente, se apresentam para a vossa comunhão com o mundo espiritual através da mediunidade. Através da mediunidade de Umbanda que os filhos optaram como a religiosidade a vos guiar em vosso mundo. Que independente da religiosidade que se tenha, das formas de chegarmos a Deus, que tenhamos sempre a coragem de fazer o que é necessário fazer. Em todas as reformulações que as religiões orientam, independente da vertente, todas se baseiam no amor; no amor por si para que se possa amar o próximo, no amor a Deus para que se possa chegar ao próximo.
Todas as religiões falam de uma origem divina do homem, que foi criado à imagem e semelhança de Deus. Então é importante tirarmos o preconceito e percebermos que nada mais são do que várias linguagens falando de um mesmo tema. A partir daí observamos qual linguagem nos fala ao coração e à mente, qual fala a nossa língua para que possamos exercitá-la e assim seguirmos um caminho voluntariamente escolhido. Não importa a vertente religiosa, não importa a fé; o que importa na evolução do homem é aquilo que pratica a partir de sua fé. Ninguém é salvo tão somente pela fé que pratica, mas muito mais por aquilo que consegue realizar; é o sentimento de conclusão das coisas, boas finalizações, o aprendizado; isso sim pesa ou eleva dentro da graduação espiritual.
É importante o ser humano perceber que é um ser gregário. É um ser que necessita estar agregado a outros seres, necessita estar em sociedade, em comunhão. O homem naturalmente busca a companhia de semelhantes. Assim através da descoberta do fogo, da roda e de várias descobertas foi desenvolvendo uma parceria e uma necessidade de manter a espécie através dos relacionamentos. O ser humano é um ser que necessita estar em contato com os outros para que possa crescer também, porque o isolamento excessivo faz o homem mais animalizado e menos sábio porque não troca experiências.
Mas mesmo com toda carga social que carrega, toda carga familiar, mesmo pertencendo a um grupo, o ser humano é individual. Enquanto os animais têm comportamentos semelhantes, pois o instinto e a capacidade intelectual momentânea fazem com que tenham comportamentos semelhantes quando em vida natural, o ser humano que contem a individualidade e a consciência passa a perceber o mundo de forma diferente, passa a ter a própria compreensão do mundo e é por isto que em um mesmo grupo, em uma mesma família encontramos pessoas divergentes. Então é importante o ser humano perceber que se vive em grupo, mas cada um vive uma vida individual, cada um sente cada coisa ao seu modo. É importante sabermos que apesar do ser humano praticar a alteridade, reconhecer o outro ao seu lado, reconhecer outra cultura, sempre observará as coisas a partir do próprio olhar. Podemos exercitar o olhar do outro, mas é somente o outro que sente a sua dor as suas percepções. Este é um exercício para que se possa respeitar a individualidade do outro. Podemos nos aproximar do sentimento de perda, do sentimento de enfermidade, da alegria, mas cada um sente e leva a vida à sua própria maneira. É isso que é imperioso que se reconheça para que possamos compreender o porque de muitas vezes não conseguirmos transmitir aos nossos companheiros de jornada da mesma forma e intensidade aquilo que buscamos e aquilo que queremos.
É natural que o ser humano ingresse em uma casa religiosa ou enverede por um caminho de conhecimento e percebe que outras pessoas distantes de si entram em sintonia com maior facilidade com ele do que os próprios companheiros de teto. Percebe-se fora do seu meio, sente-se um peixe fora da água, um estrangeiro dentro da própria casa, porque as verdades que encontrou e as verdades que busca, nem sempre calam para os seus semelhantes como calam para ele e outras pessoas que comungam o mesmo estágio evolutivo. Isso é natural, porque a cada vez que optamos por um caminho, optamos por nós mesmos. É por isso que a mediunidade é um caminho que se vive sozinho, é por isso que o médium quando entra para uma casa religiosa o faz por si, ele pode dizer que o fez para ajudar o filho ou o cônjuge, mas não; na verdade cada um busca o autoconhecimento e se favorece com o contato que tem com suas energias na medida em que se permite.
Então é natural que ao assumirmos posicionamentos, ao buscarmos conhecimento, que nos destaquemos de nosso meio, muitas vezes somos tidos como loucos ou fanáticos; mas acontece que estamos bebendo de fontes das quais não tínhamos bebido ainda e que nos fazem bem e que buscamos beber mais, porque o ser humano repete tudo aquilo que lhe faz bem, que lhe dá prazer. Se a mensagem que transmitimos ainda não faz bem ao nosso semelhante, ele não soube ainda captar a mensagem. Cabe a nós orarmos e seguirmos adiante sem deixarmos de lado a missão. Disse Jesus que ninguém é profeta em sua terra, porque o próprio Jesus não foi reconhecido na Galiléia, não foi reconhecido em Belém, lugares onde passou a infância, onde cresceu, onde foi adolescente, um menino e ninguém reconheceu o menino que cresceu e amadureceu, tal qual cada um de vocês dentro da própria família quando alcançam graus de conhecimento, todos duvidam se realmente é capaz.
É importante percebermos que muitas vezes nossa missão não está com quem está ao nosso lado, mas com o outro. É o outro que nos faz crescer, o outro que está nos ouvindo. Nossa missão é onde nossa palavra cresce, encontra raízes e se desenvolve.
Saibamos reconhecer os limites que temos, pois assim como nós lançamos sementes que brotam nos corações alheios, também outras vozes podem fazer bem aos nossos companheiros de jornada. Assim cada um auxilia o outro, daí a diversidade e a multiculturalidade necessárias ao amadurecimento do ser humano. Que cada um permaneça onde está e lhe faz bem. Não duvidem de vossas forças e acreditem que cada um está onde tem que estar. Que o conhecimento seja aumentado na medida em que faz bem ao conhecedor, que saibamos a partir daí sermos luz, distribuir benefícios sempre pois trabalho existe; basta que saibamos encontra-lo e faze-lo produtivo.
Graças a Deus.